Viúva Negra: para David Harbour, novo filme da Marvel é um drama familiar
Ator falou à Vejinha sobre seu personagem, Alexei, e como foi integrar o elenco ao lado de Scarlett Johansson
Um dos lançamentos mais aguardados de 2021, Viúva Negra entra em cartaz nesta sexta (9) nos cinemas e no Disney+ (pelo Premium Access, por R$ 69,90). Protagonizado por Scarlett Johansson, o longa, dirigido por Cate Shortland, apresenta, enfim, Natasha Romanoff em sua história solo no Universo Cinematográfico Marvel.
Ao lado de personagens inéditos, que formam uma “família” nada tradicional de espiões russos — Alexei (David Harbour), Melina (Rachel Weisz) e Yelena (Florence Pugh) —, a trama acompanha Natasha em um profundo reencontro com seu passado.
À Vejinha, Harbour, que também estrela a série Stranger Things, da Netflix, deu mais detalhes sobre seu personagem na Marvel e sua experiência no cinema de ação.
Afinal, quem é Alexei/Guardião Vermelho?
Ele é um cara complicado. Écomo um homem bestial que quer desesperadamente ser amado. Alexei quer que as pessoas pensem que ele é engraçado e charmoso. O ziguezague do personagem me atraiu muito: ele é grande e mas com todas essas qualidades humanas. Em determinado momento, foi a grande esperança da Rússia. Durante a Guerra Fria, o país tentou competir com os americanos. Eles sabiam sobre o programa Capitão América e tentaram desenvolver sua própria versão do supersoldado. Imagino que Alexei Shostakov era um jovem com talento e potencial na época, mas as falhas mentais e o narcisismo podem ter passado batido. Então, como ele não alcançou o que deveria, há um arrependimento tremendo mascarado em falsa confiança. Existem diversas camadas, o que é realmente emocionante. No filme, ele faz sua própria jornada para entender o que fez. Por anos, sentiu que estava certo, mas percebeu que talvez estivesse errado sobre muitas coisas. E essa autodescoberta é linda.
Você sentiu certa pressão ao se juntar à personagem icônica de Viúva Negra na tela grande?
Eu sabia que estava em boas mãos com o roteiro e com Cate (Shortland) no que se refere aos personagens e também à natureza inesperada da história. O que todos nós sabíamos sobre a personagem de Scarlett nesses grandes filmes é que ela é durona com todas as suas habilidades. Ela passou pelo programa Red Room e sofreu muitos traumas em torno disso. Então, havia uma expectativa com relação a este ser um grande filme de ação e espionagem. Mas acontece que Natasha tem negócios inacabados e familiares malucos dos quais você nunca ouviu falar. É dramático, claro, mas também há momentos de leviandade. É uma grande e boba família russa.
Apesar de este ser o mais recente filme de ação da Marvel Studios, você sente que ele também é um drama familiar?
Eu realmente acho que é um drama familiar. No começo, para Alexei, todo mundo é uma espécie de reflexo dele mesmo. Esse é o modelo de um narcisista que não está interessado em mais ninguém. “Então, eu sou legal? Eu sou forte? Você gosta de mim? Eu sei que sim.” Mas todos os seus sentimentos vêm à tona e ele tem de reconhecer que elas são seres humanos — e ele falhou nos relacionamentos. Alexei acredita que as meninas precisam dele, embora não admitam. Cada um deles tem muita dor por baixo da superfície. Mas em suas conexões perdidas e tentativas de amar um ao outro, há leveza. Eles são apenas pessoas inadequadas, todo o grupo. Mesmo a Viúva Negra não é uma pessoa supergraciosa à mesa de jantar. Quero dizer, ela é uma assassina. Todos nós somos. Então, o fato de estarmos todos sentados tentando ser amorosos um com o outro é revigorante. Esse elemento fundamenta a história de uma forma que justifica todos os truques.
Como foi filmar as cenas de ação?
Gosto de assistir como todo mundo, mas filmá-las foi a coisa mais difícil que já fiz. Eu não faço nenhuma acrobacia e, sinceramente, não quero. Coloque o dublê. Ele faz isso melhor do que eu e merece todo o reconhecimento. Vou sentar e comer um croissant (risos). Mas a equipe me apresentou ao boxe e o meu treinador disse: “Você é bom”. Então acabou que eu fiz algumas coisas no filme.
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Publicado em VEJA São Paulo de 14 de julho de 2021, edição nº 2746