Steven Spielberg sobre adaptar Amor, Sublime Amor: “Foi intimidante”
Diretor do filme, em cartaz nos cinemas, conta como foi a tarefa de recriar a aclamada obra da Broadway e do cinema
Já está em cartaz nos cinemas Amor, Sublime Amor, releitura do icônico filme de 1961 e do musical da Broadway de 1957. O longa se passa na Nova York de 1957 e explora a rivalidade entre duas gangues que tentam controlar o bairro de Upper West Side: os Jets, formados por estadunidenses brancos, e os Sharks, grupo de porto-riquenhos e descendentes. No meio disso, está o amor proibido entre Tony (Ansel Elgort), ex-líder dos Jets, e María (Rachel Zagler), irmã do líder dos Sharks.
O filme é dirigido por ninguém menos que o aclamado cineasta Steven Spielberg. De acordo com Spielberg, Amor, Sublime Amor foi um filme “assustador” de se fazer. “É muito intimidante pegar uma obra-prima e fazê-la através de um olhar e sensibilidades diferentes, sem comprometer a integridade do que é comumente considerado a melhor música já composta para o teatro”, afirmou o diretor. “Mas acredito que excelentes histórias devem ser contadas e recontadas ao longo dos anos, em parte para poder refletir diferentes perspectivas e períodos na obra”.
Para Spielberg, os criadores da peça original para o teatro, Leonard Bernstein, Arthur Laurents, Jerome Robbins e Stephen Sondheim, foram responsáveis por uma verdadeira obra-prima, que redefiniu os musicais da Broadway. “Foi o primeiro de seu estilo, completamente original, e ninguém consegue realizar esta façanha duas vezes”, disse o diretor.
“Entendemos isso, mas enquanto trabalhávamos para honrar esta obra-prima, para a estar à altura de suas exigências, também esperávamos tentar encontrar nosso caminho em direção à energia necessária para criar algo tão inovador. Amor, Sublime Amor é incrivelmente audacioso, seguro e incrivelmente jovem. E também é profundamente verdadeiro – sobre amor, a vida e a morte. Eu queria que todos da equipe criativa se sentissem parte da entrega das verdades profundas e belas desta história ao público contemporâneo”.
Contexto
O filme se passa no verão de 1957 nas ruas dos bairros adjacentes do Upper West Side: Lincoln Square e San Juan Hill. Juntos, os bairros abrangem a área oeste da Broadway, da West 60th Street à West 70th Street até o perímetro da cidade no rio Hudson. Nos início dos anos 50, Robert Moses – o Comissário de Obras Públicas da cidade de Nova York – destruiu todo o terreno para a construção do Lincoln Center for the Performing Arts e a Universidade de Fordham, entre outros projetos.
Na mesma época, o Lincoln Square era povoado pelos descendentes de pessoas que haviam imigrado para os EUA durante o século XIX, em sua maioria da Europa. Os residentes de San Juan Hill eram, na sua maioria, porto-riquenhos que faziam parte da imigração em massa do país para Nova York, no começo da Segunda Guerra Mundial. A destruição dos bairros expulsou a maioria dos habitantes da área de suas casas. Na maior parte, a cidade realocou descendentes dos primeiros imigrantes da Europa, bem como os recém-chegados hispânicos, em outros lugares.
O diretor queria deixar claro no filme o contexto e a paisagem em que essas gangues rivais se enfrentaram. “A mesma bola de demolição estava obliterando o território de cada facção, com bairros inteiros sendo destruídos e populações sendo deslocadas. Todas essas crianças – os Jets e os Sharks – foram submetidas a esse transtorno. Essas crianças estão lutando por um território que está desparecendo diante de seus olhos”.
“É um Romeu e Julieta, mas é também uma alegoria muito relevante do que está acontecendo em nossas fronteiras e para os sistemas deste país que rejeitam qualquer um que não seja branco”, complementou Spielberg. “Essa é uma grande parte da nossa história. Os personagens dizem e fazem coisas em nosso Amor, Sublime Amor que não disseram ou fizeram nos palcos ou no filme de 1961, e muita dessa diferença veio de nossa determinação em explorar a história, seu contexto histórico, e como realmente era a juventude do Lincoln Square e San Juan Hill – os Sharks e os Jets. A comunidade porto-riquenha que está envolvida no filme existiu naquela época principalmente entre as ruas West 64th e West 72nd. Há uma história importante e rica desta comunidade que queríamos incorporar em nossa versão do musical.”
Carreira longa e sucedida
Steven Spielberg é um dos cineastas mais bem-sucedidos e influentes do mundo, tendo dirigido sucessos de bilheteria como Tubarão (1975), E.T – O Extraterrestre (1982), a franquia Indiana Jones (1981) e Jurassic Park (1993). Ele levou para casa seus dois primeiros Oscars de Melhor Diretor e Melhor Filme pelo aclamado A Lista de Schindler (1993), que recebeu um total de sete Oscars.
Spielberg venceu seu segundo Oscar de Melhor Diretor pelo drama da Segunda Guerra Mundial O Resgate do Soldado Ryan (1998), que foi o maior lançamento (doméstico) daquele ano. Ele também recebeu indicações de Melhor Diretor por Lincoln (2012), Munique (2005), E.T. – O Extraterrestre (1982), Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977).
Além de ter sido indicado ao prêmio de Melhor Diretor pelo filme Lincoln, a produção recebeu, ao todo, 12 indicações aos Prêmios da Academia, vencendo em duas categorias: de Melhor Ator, para a performance de Daniel Day-Lewis do 16º Presidente dos Estados Unidos, e de Melhor Design de Produção. Já o thriller dramático de 2015 Ponte dos Espiões, estrelado por Tom Hanks, recebeu seis indicações, incluindo Melhor Filme.
Mais recentemente, Spielberg dirigiu e produziu o drama The Post – A Guerra Secreta (2017), estrelado por Meryl Streep e Tom Hanks. O filme recebeu duas indicações ao Oscar: de Melhor Filme e de Melhor Atriz, sendo essa a 21ª indicação de Meryl Streep na categoria. Ele também dirigiu o filme Jogador nº1 (2018), baseado no romance de ficção científica de Ernest Cline, que instantaneamente se tornou um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$580 milhões no mundo inteiro.