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“Rondon merece um retorno à significação nacional”, diz Chico Diaz sobre O Hóspede Americano

Minissérie de 4 episódios, que apresenta a expedição feita por Cândido Rondon e Theodore Roosevelt, estreia neste domingo (26) na HBO Max

Por Barbara Demerov
24 set 2021, 06h00
Elenco de O Hóspede Americano posa para foto em cenário na selva
Roosevelt e Rondon na Amazônia: expedição real (HBO MAX/Divulgação)
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A minissérie O Hóspede Americano, original HBO Max criada e dirigida por Bruno Barreto, estreia neste domingo (26) no serviço de streaming. Com diálogos em inglês e português, a produção de época tem como protagonistas os atores Aidan Quinn e Chico Diaz, que interpretam, respectivamente, o ex-presidente dos EUA Theodore Roosevelt e o sertanista Cândido Rondon.

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Baseada em fatos, a história é dividida em quatro episódios e se passa no século XX, na época em que o americano viaja ao Brasil a fim de se aventurar na selva brasileira. Ele acaba de perder uma disputa presidencial e decide renovar os ares, fixando sua vontade em seguir o curso do Rio da Dúvida (posteriormente renomeado para Rio Roosevelt). Quando o político conhece Rondon, no Rio de Janeiro, a dupla firma uma parceria e inicia a viagem repleta de desafios. As diferenças nas personalidades dos homens também geram conflito na trama.

Filmada antes da pandemia, a obra ainda conta com Dana Delany, Trevor Eve, Theodoro Cochrane, Gene Jones, Jeff Pope, Nick Westrate, Maya Kazan, Cláudio Jaborandy, Arilson Lucas, João Côrtes, Michel Gomes, Arieta Corrêa e Luisa Rosa no elenco.

À Vejinha, Chico Diaz diz que se aprofundou em livros, pesquisas e matérias da época (não só do Brasil como também de fora do país) sobre Cândido Rondon para moldar sua versão do personagem — ainda que reconheça ser impossível dar conta de todos os aspectos de uma figura como essa. “Rondon tinha uma relação interessante com a filha, por exemplo, assim como com sua esposa. Mas é sempre algo ‘a distância’. E é claro que o ator usa um pouco de sua própria natureza nesse processo.”

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O fato de ser filho de um pai paraguaio também ajudou. “Ter essa raiz latino-americana, uma raiz de limite, ali da fronteira, me fez evocar símbolos e arquétipos profundos que já habitavam em mim. Uma solidão transcendental, uma inadequação completa às coisas mais velozes e modernas. A sensação de não pertencer a um grupo específico também fez parte da vida de Rondon. imagine ele, com aquela pele e aquele conhecimento, sendo recebido pela República no Rio de Janeiro no início do século XX. Essa é uma visão singular de quem sabe que pode vir a pertencer — de forma diferente, própria. Há uma identificação dentro daquilo que pode ser pequenino numa leitura institucional, mas que é enorme quando se é artista.”

O ator também destaca a relevância de falar sobre o explorador nos dias atuais. “Ter esse homem como o responsável pela segurança e leitura daquele mundo de um ex-presidente americano só prova a força e capacidade de nosso povo originário. isso na verdade é uma lição. Temos de escutar os índios e tudo o que eles sabem sobre a natureza milenar. Eles cuidam da nossa terra há tanto tempo! E, quanto a Rondon, ele merece um retorno à significação nacional. Acho fundamental o que ele propôs e propõe ainda hoje. isso deveria ser revisto pela sociedade, autoridades e fundamentalmente pelo Exército brasileiro, que poderia buscar no Rondon algum exemplo, alguma forma de conduta no sentido dessa grande responsabilidade que os militares deveriam ter perante o país.”

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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757

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