‘Noites Alienígenas’ em Gramado: a importância de olhar para o Brasil afora
Longa de Sérgio de Carvalho foi destaque do 50º Festival de Gramado, recebendo 5 Kikitos e uma Menção Honrosa; o elogiado 'Marte Um' também foi premiado
A Vejinha esteve presente na cobertura do 50º Festival de Gramado e acompanhou todos os dias de evento. Na noite de premiação, realizada no último sábado (20), a comoção com os filmes Noites Alienígenas e Marte Um era palpável. São grandes histórias sobre um Brasil que, até os últimos anos, não ganhavam tanta atenção das câmeras e, quando isso acontecia, não conquistavam espaço nas salas de cinema.
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Felizmente, o cenário no cinema brasileiro contemporâneo agora está se transformando constantemente. Em Gramado, quem diria que um filme acreano sobre a chegada das facções criminais de São Paulo na Amazônia receberia 5 Kikitos – incluindo de Melhor Filme e Melhor Filme pelo Júri da Crítica? Pois isso aconteceu.
E foi o mesmo com Marte Um, que conquistou a todos logo em sua primeira noite de exibição, colecionando lágrimas e aplausos infindáveis. A família fictícia Martins, apresentada na periferia de Contagem, Minas Gerais, foi a responsável pela comoção. 4 Kikitos (Melhor Roteiro, Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Trilha Sonora e Prêmio Especial do Júri) foram entregues como resultado.
Os vencedores de Gramado em 2022 – o que inclui, ainda, o curta-metragem Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli, que aborda a realidade dos entregadores de delivery em São Paulo através de um olhar poético – refletem a necessidade de se olhar para fora da caixa. No caso, de olharmos para o Brasil real, fora das bolhas das grandes capitais.
O filme de Carvalho utiliza do realismo fantástico para contar uma história original sobre o desejo de ser alguém e sair de um lugar violento. Rivelino (Gabriel Knox), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo) são três personagens que vivem em Rio Branco e lutam, cada um à sua maneira, para sobreviver. O longa apresenta a periferia da Amazônia urbana de forma impactante, captando os detalhes da rotina de cada um e inserindo, ainda, o poder da natureza e atores indígenas em sua narrativa. Gabriel e Adanilo, inclusive, saíram cada um com seus Kikitos de Melhor Ator e de Menção Honrosa, respectivamente.