“Não temos medida de comparação”, diz Mônica Albuquerque sobre novo momento do streaming
Executiva da Warner Bros. Discovery Latin America fala sobre produção de novelas e explica se a HBO Max vai mesmo "acabar" após fusão com a Discovery
O II Mercado Audiovisual Entre Fronteiras, evento que faz parte do Gramado Film Market e integra a programação do Festival de Cinema de Gramado, começou nesta segunda (15). Um dos painéis apresentados foi com a HBO Max, com a participação de Murilo Rosa, ator e apresentador do reality A Ponte: The Bridge Brasil, e Mônica Albuquerque, Head de Gestão de Talentos e Desenvolvimento de Novelas da Warner Bros. Discovery Latin America.
Aproveitando o tema da palestra (“Por que o streaming está conquistando os talentos no Brasil?”), a Vejinha conversou com Mônica logo após o painel.
Em tempos em que o streaming se firma cada vez mais no mercado de entretenimento, a executiva da HBO Max destacou que, desde que entrou na empresa – em março de 2021 -, as mudanças começaram a se ampliar. “Apesar de o streaming existir há mais de 10 anos, as mudanças estão se dando agora, nesse momento de amadurecimento de um mercado que, há pouco tempo, não existia.”
Ela defende que os profissionais do meio passem a encarar todo o modelo de negócio como algo novo. “As regras do consumo de conteúdo numa plataforma são diferentes do que aqueles conteúdos que você vê num horário específico. Isso traz desafios para a área de criação. A principal pergunta é: ‘Como contar melhor uma história?’ Que a gente tem boas histórias e ideias, isso temos. Elas são inesgotáveis. Mas cada veículo tem suas características, seu modelo de consumo. A relação de um espectador com o streaming é diferente entre um e outro, porque o aprofundamento da relação com aquele conteúdo é individual. Cada descoberta leva a uma reprogramação e replanejamento.”
Mônica ressalta que as perguntas estão em um número muito maior do que as respostas, mas ela encara isso como um desafio positivo. “Hoje, só temos perguntas, e isso é maravilhoso. É uma oportunidade de entrar em um momento no qual está tudo se construindo. A única certeza que temos é que, eventualmente, vamos errar. É uma provocação inteligente. Você precisa usar seu feeling, tomar decisões e, depois, medir o que acontece com aquilo. O que funciona e o que não funciona. É estimulante. Não temos medida de comparação, porque cada streaming tem suas particularidades.”
A PONTE – REALITY DE SUCESSO
Um dos pontos tocados no painel da HBO Max foi o reality A Ponte, que estreou este ano. A profissional afirma que o fato de o projeto focar no trabalho em grupo foi um dos grandes atrativos. “Nesse momento pós-pandemia, foi uma mensagem interessante depois do momento do isolamento. O sucesso não foi só por ele ser um reality, mas porque se comunicou com os nossos tempos. No fundo, os conteúdos precisam ser um reflexo da sociedade. É por isso que eles se tornam relevantes para o público.”
Além dos realitys, outro tipo de conteúdo que a HBO Max planeja incluir em sua programação é a novela. Mônica defende que essas produções também precisam dialogar com o público. “A novela cumpre essa função de levar às famílias uma discussão que está aí na rua, mas nem sempre a pessoa se aprofunda. É um consumo coletivo, ainda mais por ser de longo prazo – 50 capítulos ou mais. Enquanto a série tem uma história, a novela é um novelo, ela possui várias tramas que se entrelaçam. Cada uma delas pode atingir um perfil diferente dentro da mesma casa”, diz.
“Temos grandes histórias e oportunidades para novos autores. A nossa intenção e visão é de realmente conseguirmos ter uma organização regular de novelas. Queremos construir esse mercado, que, no momento, está muito focado e sendo desenvolvido na TV aberta. Abrir mais janelas pode ser uma notícia interessante, mas o mercado tem que se desenvolver pra isso. Não é simples”, explica.
A HBO Max está trabalhando no núcleo de novelas desde junho de 2021, e ainda não bateu o martelo sobre o formato de lançamento das produções. “Vamos gravar tudo junto, mas estamos discutindo qual é a melhor maneira de entregar isso ao público. A primeira vai ser risco, depois vamos aprendendo!”
HBO MAX VAI ACABAR? NÃO É BEM ASSIM
Após a compra da WarnerMedia pela Discovery – uma das compras mais chamativas do mercado de entretenimento nos últimos anos -, nasceu a especulação de que a HBO Max poderia acabar. Mas Mônica explica: “Quando falamos de uma fusão, é uma estrutura corporativa. Desse ponto de vista, o que aconteceu? A Discovery comprou a Warner Media e elas se juntaram. Hoje, essa é a maior empresa de mídia e conteúdo do mundo. Do ponto de vista de conteúdo, cada uma dessas marcas continuam produzindo e desenvolvendo suas linhas editoriais, porque elas têm suas próprias marcas.”
O que já foi divulgado é que o streaming HBO Max poderá mudar de nome no ano que vem, assim que o Discovery+ entrar no mesmo “guarda-chuva” de conteúdo. “Para o público, o que vai acontecer é que todo o conteúdo de cada um estará disponível em um só lugar. O nome pode mudar, mas será um nome para que todos entendam que nada mudou. As marcas estarão preservadas. É algo mais simples do que parece.”