Invocação do Mal 3 eleva o terror para além de casas assombradas
Em conversa com a Vejinha, elenco fala sobre a história que aborda a primeira defesa de acusação de homicídio sob a justificativa de possessão nos EUA
Um dos lançamentos de terror mais aguardados em 2021, Invocação do Mal 3: a Ordem do Demônio estreia em 3 de junho nos cinemas brasileiros. Desta vez, o novo filme da franquia da Warner Bros. Pictures adapta um dos casos mais polêmicos da carreira do casal de investigadores paranormais Lorraine e Ed Warren: o julgamento de Arne Johnson, homem que assassinou seu senhorio e afirmou ter cometido o crime porque estava possuído por um demônio.
Os Warren ajudaram no caso, mas Johnson teve seu apelo negado pelo juiz e foi preso por alguns anos. O terceiro capítulo da franquia Invocação do Mal, dirigido por Michael Chaves, apresenta o caso macabro e garante bons sustos com o protagonismo de Vera Farmiga e Patrick Wilson, que interpretam o casal mais uma vez.
À Vejinha, os atores afirmaram que A Ordem do Demônio é uma produção inédita por não se passar especificamente em uma casa mal-assombrada. “É muito mais sobre uma história de amor — o arco dos Warren —, mas ao mesmo tempo é algo mais sombrio porque aborda as consequências reais do caso: um homicídio. O filme fundamenta o tema por um viés totalmente diferente — sem desrespeito aos outros da franquia, que eu também amo”, explica Wilson.
“Todos os elementos que os tornam tão especiais estão lá desde os dois primeiros: as emoções, os arrepios, o amor e até mesmo as risadas. Mas, pelo novo componente de investigação, com Lorraine e Ed no mundo real, vemos como eles agiram enquanto demonologistas. Há também mais mistério e suspense. Isso apenas aprofundou o assunto e o espectador pode passar mais tempo com eles”, completa Vera sobre a dinâmica da trama baseada em fatos.
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Para Ruari O’Connor, o intérprete do complexo personagem Arne Johnson, o que mais chamou sua atenção para o papel foi o fato de a história do jovem ter dois lados: “Arne foi possuído, foi torturado e trancado na prisão. É muito triste. Mas o mais importante é que esse não era seu único atributo. Arne também é a pessoa que está sendo julgada por matar alguém e que está sendo punida pela Justiça. Ele é o vilão e o torturado. Interpretar as duas coisas, muitas vezes na mesma cena, me pareceu realmente desafiador. Acho que trabalhos desafiadores são empolgantes, então isso realmente me atraiu. Me preparei assistindo a vários documentários que se passam na década de 80 para tentar compor uma ideia de como as pessoas eram naquela época”, conta o ator.
Michael Chaves, que assinou a direção de A Maldição da Chorona, produção de 2019 que compõe o aterrorizante universo de Invocação do Mal, revela que a trama de seu novo filme lhe trouxe questionamentos. “Esta é a história de Johnson, o arquivo de um grande caso dos Warren e que é baseada na experiência do casal com o jovem. Eu acho que apenas a ideia de que Arne pode ter lutado contra demônios — essa pode ser a palavra correta para sintetizar — definitivamente é algo poderoso. O que eu mais gosto no filme é que eu cresci seguindo a religião católica, então toda a trama me fez questionar algumas coisas nas quais sempre acreditei. Essas histórias, quando você não pode ser inserido no local para realmente dizer no que acredita, são complexas. O fato é que você pode apenas se entreter de forma divertida no cinema, mas na minha experiência isso realmente fez com que eu deparasse com perguntas difíceis. Há algo empolgante em Invocação do Mal 3: a Ordem do Demônio, mas o mais especial é ter colocado o próprio casal Warren neste teste.”
Chaves também afirma que seu maior foco neste desafio de imprimir sua identidade no novo capítulo dos demonologistas foi justamente fazer com que ele fosse o mais fiel possível aos dois filmes anteriores, dirigidos por James Wan. “Eu sabia que este seria diferente porque o caso é ousado e distinto, levando os Warren a outra direção. Isso é que o torna tão emocionante. A questão é: a cada escolha que faz enquanto diretor, você está sempre se revelando, então é impossível não ter um pouco de sua identidade ali. Mas eu tentei me lembrar o tempo todo de qual é a alma desta franquia. Dessa forma eu pude me manter fiel ao universo de terror para ser o mais ‘invisível’ possível e realmente contar a história dos protagonistas.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 02 de junho de 2021, edição nº 2740