“É uma bomba”, diz diretor de Expocine sobre risco de extinção da Condecine
À Vejinha, Marcelo Lima falou sobre o mercado audiovisual à luz da nona edição da maior convenção de negócios de cinema da América Latina
Entre os dias 20 e 23 de setembro, em São Paulo, a Expocine realiza sua nona edição com palestras e apresentações de distribuidoras nacionais e internacionais, além da já tradicional feira de negócios que movimenta o mercado.
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Ao todo, são trinta horas de atividades para toda a indústria nacional — o que envolve distribuição, produção e exibição. À Vejinha, Marcelo Lima, diretor e idealizador do evento, fala sobre os desafios que o setor enfrenta, streaming e as expectativas para a edição presencial.
Quais são as perspectivas para a expocine 2022 em termos de alcance?
Do ponto de vista de realizador, o evento está a níveis de como estava em 2019 (última edição presencial até agora). Desenvolvemos um modelo mais conservador para o mercado, que ainda está recuperando fôlego e se readequando após o impacto da pandemia. Oferecemos estandes menores e menos exigências para que parceiros possam estar presentes. Teremos pessoas do Brasil todo e também da Argentina.
Sentimos que estamos no caminho certo. como avalia o cenário atual, com o público ainda retomando contato com as salas de cinema?
O processo está lento, mas estamos nos recuperando após essa pausa abrupta de dois anos com títulos de alta performance (‘Top Gun 2’ foi um deles após ficar na prateleira com foco no lançamento tradicional). Há luz no fim do túnel. O objetivo da Expocine neste ano é jogar luz sobre a necessidade de olharmos juntos para o futuro a fim de sabermos como nos readequar.
O risco de a Condecine (que alimenta o Fundo Setorial Audiovisual) ser extinta será pauta durante a programação?
Esse assunto tem de ser discutido. seria um problema seríssimo a questão da saída da Condecine para nós. E, a partir de 1º de janeiro de 2023, qualquer presidente que esteja no Palácio do Planalto vai executar o orçamento aprovado pelo Poder Legislativo do governo atual. É uma bomba e seria preocupante para toda a cadeia audiovisual. Mas eu acho que a proposta não passa. Tenho confiança em que o legislativo vetará isso.
Por outro lado, o streaming segue crescendo. Já é possível mensurar a presença dele na Expocine?
Como o streaming explodiu durante a pandemia de Covid-19, ainda acho que é muito cedo para mensurar. sempre mantenho a postura de que o streaming é uma ameaça à TV aberta/a cabo, não ao cinema. Os cinemas precisam ter novos títulos e isso é só com o tempo. Os sets de filmagem voltaram e, eventualmente, o ritmo será como antes. recentemente, tivemos o sucesso de ‘Medida Provisória’ e, agora, de ‘Marte Um’, que está lotando as salas pelo Brasil.
Então, você nunca concordou com a ideia de que o cinema poderia acabar?
Jamais! Se eu pensasse isso, jamais estaríamos falando sobre a Expocine (risos).
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Publicado em VEJA São Paulo de 21 de setembro de 2022, edição nº 2807