Crimes of the Future: distopia marca retorno inspirado de Cronenberg à direção
Cenas chocantes e enredo originalíssimo do cineasta canadense, que resgata temas dos seus primeiros trabalhos, criam uma verdadeira experiência na tela
✪✪✪ Marcando o retorno do diretor canadense David Cronenberg (Crash — Estranhos Prazeres) após oito anos, o impressionante Crimes of the Future chegou nesta quinta-feira (14) aos cinemas.
Resgatando a estética de seus primeiros trabalhos — ficções científicas com doses de horror gráfico como A Mosca (1986) —, o longa futurista ilustra uma distopia em que os humanos, incapazes de sentir dor física, começam a extrapolar as possibilidades de modificações dos seus corpos.
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O protagonista é Saul Tenser (Viggo Mortensen), um artista performático que, ao lado de sua companheira, Caprice (Léa Seydoux), realiza procedimentos de remoção de tumores ao vivo, como espetáculo. Cirurgias, cortes na pele e extrações de órgãos são mostrados em detalhes pelo cineasta, que, com a fotografia estilizada e as imagens bizarras, faz do filme uma verdadeira experiência — que pode ser por vezes desconfortável para um público mais sensível, mas longe de causar desmaios ou náusea, como foi comentado após sua apresentação no Festival de Cannes.
As cenas chocantes e a história originalíssima são um prato cheio para os fãs do diretor, que se mostra inspirado mesmo após uma longa e diversa filmografia. A produção, que estará disponível com exclusividade no streaming da Mubi a partir do dia 29, ainda transforma a excentricidade em momentos de risada com atuações divertidas de Don McKellar e Kristen Stewart como coadjuvantes.
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de julho de 2022, edição nº 2798