‘A Noite das Bruxas’ surpreende com trama sombria e reflexiva
O ator e diretor Kenneth Branagh (Belfast) propõe uma nova perspectiva para Hercule Poirot, seu detetive desconfiado
✪✪✪ A Noite das Bruxas (tradução nada alinhada com o título original, A Haunting in Venice, que significa “Assombração em Veneza”) acaba de entrar em cartaz nos cinemas. O terceiro capítulo focado nas aventuras do famoso detetive Hercule Poirot agora é ambientado em um sombrio pallazzo de Veneza, em pleno Dia das Bruxas.
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Se os primeiros filmes (Assassinato no Expresso do Oriente e Morte no Nilo) têm como foco a investigação de diversas mortes de forma mais prática e direta, mirando exclusivamente nas motivações dos responsáveis, A Noite das Bruxas vem para mexer com a cabeça do público e, especialmente, a do próprio Poirot.
A trama se inicia com uma sessão espírita em um palácio aparentemente assombrado na cidade rodeada de água. O detetive francês, que sempre segue os fatos e não acredita em mistérios que vêm “do outro lado”, é o mais cético de todos.
Mas, quando um dos convidados é assassinado pouco depois de acontecer uma assustadora conexão espiritual, Poirot é obrigado a iniciar uma apuração baseada na razão, e não na emoção. Mas o palazzo italiano definitivamente guarda segredos que podem tornar essa missão ainda mais complexa.
Para fãs da escritora Agatha Christie, essa nova adaptação entrega mistério na medida certa, ao mesmo tempo em que os cenários, decadentes e intrigantes, deixam a tensão sempre no alto. A história apresenta personagens de um jeito clássico, assim como nos contos de Agatha.
Na pele de Poirot e novamente como diretor, Kenneth Branagh (Belfast) propõe uma nova perspectiva para seu personagem desconfiado. O trabalho de fotografia de Haris Zambarloukos é excepcional.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de setembro de 2023, edição nº 2859