“Não adianta ficar parado pedindo para algo rolar”, diz Dre Guazzelli
Meditação, ioga e 3000 pulos de corda todas as manhãs: os passos do DJ e produtor musical para sossegar o ego
Canais abertos
Meu jeito de ajudar é mostrar que pequenas práticas têm impacto positivo. Compartilho tudo: uma frase de um livro, uma doação, uma festa, uma salada. Somos um pouco do que comemos, do que pensamos, das pessoas com quem convivemos… É uma perspectiva disruptiva em relação ao que se espera de um DJ. Diziam que tudo isso era maluquice, mas o exemplo fica real e se espalha.
Multiplicação do que somos
O maior aprendizado que carrego é que o amor cura, que o ego não conduz a lugar nenhum e que dividir e multiplicar é mais saudável que apenas somar. Levo isso, de maneira consciente, para todos os lugares. A primeira vez que toquei fora do meu quarto foi numa festa que eu mesmo empreendi. Desde então, decidi usar a música como um canal para trazer paz.
Cura sonora
A música funciona como um instrumento de cura, de despertar. Agregar pessoas diferentes com o mesmo som permite a expansão de uma sensação de bem-estar que vem de dentro para fora. Quando subo no palco e coloco essa intenção, as reações são incríveis. Recebo comentários de pessoas que foram a uma festa e parece que estiveram em um retiro. Fico muito grato.
Agenda invertida
Sempre sonhei em transformar a segunda em um domingo. É um estilo de vida que minha profissão permite, mas que pode ser adaptado. Só não dá para abrir mão da disciplina. Viajo muito e, depois de um voo, percebo que minha cabeça cria todas as justificativas para não fazer nada. É quando me proponho a me mexer. As coisas só acontecem para quem dá as caras. Não adianta ficar parado pedindo para algo rolar.
Ritual matinal
Assim que acordo, faço vinte minutos de meditação e trinta de ioga, que funciona como um alongamento para o corpo e a mente. Depois, pulo corda. São 3 000 pulos — que eu conto com o “aplicativo” do meu cérebro. Aprendi sozinho, na raça, a me concentrar para não perder a marcação.
O agora na palma da mão
Para buscar inspiração, ficar aberto para pesquisar músicas, escrever projetos, ter ideias, posso e devo estar em diferentes lugares. Vendi meu laptop e faço tudo direto com o celular. Tudo flui melhor, meu escritório está na minha mão.
Foco no sol
A mente cria nossa realidade. Entre as crenças e os hábitos que nos ensinaram está ficar pensando no que a gente não quer em vez de pensar no que a gente quer. Aconteceu isso numa festa ao ar livre que organizamos, a Dre Tarde. A previsão era de chuva — e os participantes me enchiam de perguntas do tipo “Mas e se vier uma tempestade?”. Fiz uma proposta: “Vamos focar o sol, galera?”. Todo mundo mudou a chavinha do pessimismo para o otimismo. Caiu o mundo em São Paulo, e lá foram só umas gotas. Virou uma brincadeira: podem me chamar se quiserem que não chova!
Basta um estalo
Para o ser humano despertar para o caminho do autoconhecimento, não é preciso mais do que um estalo. Ler um livro pode ser um começo. Recomendo O Poder do Agora, de Eckhart Tolle. Podemos pôr em todas as nossas atitudes um propósito verdadeiro. Quero transformar o mundo em um lugar melhor. Se dançar e curtir uma música pode ajudar as pessoas a ficar mais felizes e presentes, então é isso o que vou fazer.
Dre Guazzelli é DJ e produtor musical. Mora em um hotel e intercala festivais internacionais com festas locais, como a Dre Tarde, que acaba de completar quatro anos. No perfil @dreguazzelli, compartilha aprendizados e playlists para diferentes momentos, inclusive a meditação.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 15 de maio de 2019, edição nº 2634.