“As decisões que tomamos moldam imediatamente nosso destino”
Especialista em programação neurolinguística, life trainer e palestrante do Método MD, Douglas Maluf fala sobre inteligência emocional para fazer escolhas
SER E PARECER Hoje, ser feliz não se trata apenas de se sentir confortável na própria pele — é preciso provar isso o tempo todo. Dê uma rápida “escrolada” nas redes e confirme. Somos inundados dos melhores sorrisos, de paisagens, viagens, looks, drinques. Momentos de tristeza ou qualquer tipo de frustração não têm vez.
REPRESSÃO NÃO RESOLVE com essa tendência, a procura por bem-estar e qualidade de vida anda muito em alta! Mas como explicar, então, os níveis alarmantes de ansiedade e depressão? talvez esse seja um resultado dessa “mania” perigosa de reprimir as emoções consideradas “pouco louváveis”, como a raiva e a tristeza.
PLENITUDE DE SIGNIFICADOS A meu ver, é cada vez mais urgente dizer que uma vida significativa não denota a ausência de sofrimento ou de emoções básicas que todos nós, seres humanos, sentimos. Ao contrário: nós precisamos delas.
PAPEL DE CADA UMA DAS EMOÇÕES enquanto o medo nos protege de situações ameaçadoras e garante a sobrevivência da espécie, a raiva é fundamental para nos impulsionar e nos colocar em movimento. Quando bem canalizada, ela é melhor do que ninguém para nos tirar da zona de conforto. A tristeza, por sua vez, nos proporciona um ajustamento a uma perda, permite um descanso para recuperarmos energia. Além disso, libera o que precisamos deixar ir embora e abre espaço para o novo. E é justamente esse entendimento que a inteligência emocional propõe: ter mais respeito pelas emoções.
UM JEITO INTELIGENTE DE SENTIR Essa sabedoria nos ajuda a entender e aceitar emoções que a sociedade parece querer reprimir a todo custo. Mais que isso: é uma aliada nas épocas em que a vida parece nos atropelar. Vivi isso na pele quando, em um dos momentos mais difíceis da minha trajetória, ouvi: “Você está com câncer”.
DEPOIS DO DIAGNÓSTICO A partir daquele momento, eu sabia que teria duas grandes batalhas: a primeira contra a doença — e nessa contaria com a ajuda da quimioterapia. A segunda, e talvez a mais importante: a da conquista de meu controle emocional. Nessa batalha, era eu comigo mesmo. Porém, eu dispunha de uma arma poderosa, o meu poder de escolha. E esse poder surge do entendimento sobre si mesmo que a inteligência emocional busca desenvolver.
LIVRE-ARBÍTRIO Sempre acreditei que as decisões que tomamos moldam imediatamente nosso destino. Sendo assim, eu tinha, sim, a opção de ficar me questionando e me lamentando. Mas, depois de acolher meu medo e minha raiva, preferi pedir a eles que fossem embora. Abri a porta, convidei-os a entrar e se sentar, para eu ouvir o que tinham a dizer. Permiti que eles ficassem o tempo que fosse necessário, mas deixei claro que eram hóspedes e teriam de ir embora.
COMPARTILHAR APRENDIZADOS Essa experiência desafiadora foi uma oportunidade para testar e adaptar várias ferramentas, e hoje sou feliz em poder compartilhar minha história, técnicas e aprendizados com os alunos do Método MD. Essa parte da minha vida serviu para fortalecer e validar o meu propósito: trabalhar para que as pessoas acolham e tenham consideração pelas próprias emoções e, assim, possam viver na potencialidade máxima, respeitando sua totalidade. Ser feliz não é uma condição estática, e sim um caminho.
Douglas Maluf é especialista em programação neurolinguística e life trainer. Desde 2004, atua em treinamentos de autodesenvolvimento. Preside o Instituto Douglas Maluf — Centro Nacional de Inteligência Emocional e palestrante do Método MD inteligência emocional. Seu perfil no instagram é @douglas.maluf.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661.