Seu bebê deve brincar com o tablet?
Por Bruna Ribeiro, repórter de VEJA SÃO PAULO É fato que o interesse pelos equipamentos eletrônicos chega muito antes do grande momento de tirar as rodinhas da bicicleta ou da primeira matrícula em uma escola de futebol ou balé. Tanto que a Estrela lançou durante esta semana três brinquedos tecnológicos para bebês: O Meu Primeiro Tablet […]
Por Bruna Ribeiro,
repórter de VEJA SÃO PAULO
É fato que o interesse pelos equipamentos eletrônicos chega muito antes do grande momento de tirar as rodinhas da bicicleta ou da primeira matrícula em uma escola de futebol ou balé. Tanto que a Estrela lançou durante esta semana três brinquedos tecnológicos para bebês: O Meu Primeiro Tablet (R$ 149,00), O Meu Primeiro Smartphone (R$ 99,90) e A Minha Primeira Câmera (R$ 59,90).
Os jogos destinados à primeira infância (a partir de 1 ano de idade) são de mentirinha, mas reproduzem o formato dos equipamentos originais. Eles propõem atividades que dão noções de cores, números, letras e sons de animais. De acordo com o Diretor de Marketing da empresa, Aires Fernandes, o mercado de entretenimento infantil se transformou nos últimos anos: “Com o alto grau de informação a que meninos e meninas têm acesso, os brinquedos precisam surpreender como nunca. Essa é uma nova tendência”.
Para os pais, entretanto, restam sempre algumas dúvidas. Em que idade devo inserir meu filho neste admirável mundo digital? É possível controlar “esse acesso”? Quais os limites? A psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão e Mary Grace, especialista em educação online e consultora do MEC e da Unesco na área de tablets, dão algumas pistas. Confira:
1) Brinquedos, como os lançados pela Estrela, estimulam o interesse da criança por eletrônicos?
Rosely Sayão: O acesso das crianças à tecnologia, brinquedos ou não, é inevitável. O mundo é feito disso e não há como evitar. Vejo muitos pais darem o próprio tablet ou smartphone para os filhos brincarem. Portanto, para a criança, esse é um jogo como outro qualquer, porque os brinquedos reproduzem a realidade. É como brincar de casinha e escritório.
Mary Grace: Esses brinquedos podem ser mais uma possibilidade de entretenimento para as crianças da geração atual, que curtem tudo isso de fato. Não é ruim que a criança tenha acesso a isso.
2) Existe alguma idade ideal para os pais liberarem o acesso dos filhos aos brinquedos eletrônicos?
Rosely Sayão: A partir de 9 anos. Durante toda a infância, a criança vai usar aquilo como brinquedo. É legal a criança ter um jogo de tablet com 1 ano? É indiferente. Ela não sabe o que é um tablet. Para ela isso não faz outro sentido a não ser explorar o brinquedo.
Mary Grace: O processo deve ser natural e acontecer junto com outras brincadeiras. Há clipes musicais e aplicativos interessantes para as crianças. Dependendo da idade, ela pode aprender com mais facilidade até mesmo o que é abordado na escola com a ajuda de aplicativos.
3) O fácil acesso ao eletrônico pode ser prejudicial ao desenvolvimento da criança?
Rosely Sayão: Nada de brinquedo é prejudicial. O que é prejudicial é a criança ficar concentrada a única atividade. Não faz diferença se é eletrônico ou não. O importante é diversificar.
Mary Grace: Tudo que é exagerado faz mal. Não é recomendado deixar as crianças o tempo todo no videogame, na TV ou mesmo utilizando esses dispositivos. E não apenas as crianças, pois a postura dos pais também é importante.
4) Alguns livros infantis têm versões digitais. Eles substituem o papel dos pais de contarem as histórias?
Rosely Sayão: Uma história faz muito mais sentido para uma criança quando é contada por um adulto, porque ganha outra forma. Conheço alguns desses livros e eles são muito interessantes e interativos, mas devem ser usados junto com os pais de preferência.
Mary Grace: Esses livros favorecem as crianças, pois a geração que temos hoje é digital. Ter acesso a esses recursos pode incentivar a leitura e amplia o repertório. Não ter acesso é ficar de fora e querer que as crianças sejam criadas como nós fomos, em outra época. Mas nada impede que os pais contem histórias e comprem livros impressos para os filhos.
5) As crianças conseguem compreender a diferença entre os dois mundos, o real e o virtual?
Rosely Sayão: Não. O mundo virtual é um mundo paralelo. A criança não tem a noção de que o que ela faz no mundo virtual tem repercussão no mundo real.
Mary Grace: Conseguem em certa medida. Mas é preciso conversar com elas e entender o que estão fazendo, o que mais as atrai em determinado jogo e avaliar as relações que elas fazem disso com o mundo real.