“Apenas uma Noite”
Por Tiago Faria Parece até curioso: lançado nos cinemas em plena temporada de superproduções, o drama “Apenas uma Noite” toma um caminho muito diferente do de uma típica atração deste período do ano. A começar pela forma como a diretora, a estreante iraniana radicada na Califórnia Massy Tadjedin, de 34 anos, trata o público. Enquanto […]
Por Tiago Faria
Parece até curioso: lançado nos cinemas em plena temporada de superproduções, o drama “Apenas uma Noite” toma um caminho muito diferente do de uma típica atração deste período do ano. A começar pela forma como a diretora, a estreante iraniana radicada na Califórnia Massy Tadjedin, de 34 anos, trata o público. Enquanto os grandes filmes de ação e aventura investem alto para estimular o burburinho bem antes da estreia, este pequeno longa-metragem pretende provocar discussões principalmente após a sessão, ao atiçar a plateia com questões instigantes (e assustadoramente plausíveis) sobre as relações amorosas.
O enredo põe à prova a fidelidade de um casal rico, bonito e bem-sucedido — invejável, portanto — de Nova York. Em uma festa, a escritora Joanna (Keira Knightley) percebe uma troca de olhares entre o marido, o executivo Michael (Sam Worthington, de “Avatar”), e uma colega dele, a voluptuosa Laura (Eva Mendes). A desconfiança resulta em bate-boca. No dia seguinte à crise, Michael faz uma viagem de negócios na companhia de Laura. Enquanto isso, Joanna encontra um ex-namorado, o intelectual Alex (Guillaume Canet), por quem ainda se sente atraída. A partir daí, a trama obriga os personagens a dividir algumas horas com os respectivos objetos de desejo. Ceder ou não às tentações? O ponto de vista do espectador terá papel fundamental no tabuleiro desenhado pela realizadora.
Depois de escrever roteiros para fitas de pouca repercussão (a exemplo do fraco thriller “Camisa de Força”), Massy disse ter se inspirado no intimismo tenso de “Cenas de um Casamento” (1973), de Ingmar Bergman, e de “Sexo, Mentiras e Videotape” (1989), de Steven Soderbergh, para discutir a mecânica da traição, seja ela física ou emocional. Só desaponta ao imprimir à encenação um ar posudo, semelhante a um editorial de moda. A afobação de iniciante, contudo, é aliviada por uma narrativa recheada de surpresas que estimulam boas conversas a dois.
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AVALIAÇÃO ✪✪✪