Após 100 anos, ‘Contramemória’ faz leitura crítica da Semana de 22
Com curadoria de Lilia Schwarcz, exposição está em cartaz no Teatro Municipal, o mesmo que abrigou em 1922 o evento marco do modernismo brasileiro
Contramemória está em cartaz no Teatro Municipal. O mesmo Teatro Municipal que abrigou em 1922 a Semana de Arte Moderna. Não por coincidência, o evento, capitaneado por nomes como Anita Malfatti e Mário de Andrade, é abordado por essa exposição que pretende fazer uma leitura crítica 100 anos depois em 117 obras.
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A mostra, com curadoria de Jaime Lauriano, Lilia Schwarcz e Pedro Meira Monteiro, propõe vários movimentos. Um deles é deixar de pensar etnias indígenas como objeto de estudo. Dessa forma, representantes ligados a diferentes povos originários, como Gustavo Caboclo e Daiara Tukano, falam por si só, sem nenhuma intermediação.
A Negra (1923), de Tarsila do Amaral, festejada por trazer a imagem de uma mulher afro, também é revisada em Túmulo Antropofágico, de Yhuri Cruz. À época, o trabalho poderia ser pensado como uma homenagem à população negra, dado o atraso da questão racial no país.
Agora, considerando os traços animalizados da figura, ainda é possível ser tomado pelo mesmo sentimento? Nessa toada, a placa Com Quantos Pobres Se Faz um Rico?, de Raphael Escobar, é um dos pontos altos da mostra. Feita de restos de sabonete, trata das necessidades básicas de higiene de pessoas em situação de rua e também da verve higienista da cidade, que se mantém ainda hoje.
Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº, ☎ 3053 2090. Seg. a sex.: 10h/17h. Sáb. e dom.: 10h/17h. Grátis. Até 5 de junho. theatromunicipal.org.br ♿
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Publicado em VEJA São Paulo de 4 de maio de 2022, edição nº 2787