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Uma curadoria de exposições, cursos e novidades dos museus, galerias e institutos culturais de São Paulo. Por Mattheus Goto
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SP-ARTE 2022: clima de festa e reconciliação

Após duas edições exitosas, na Arca e agora no Pavilhão da Bienal, clima entre a feira e galeristas parece mais harmonioso

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 abr 2022, 18h49 - Publicado em 24 abr 2022, 23h01

Mesmo que o acontecimento da vez no cenário de artes visuais seja a Bienal de Veneza, é preciso ainda falar sobre a edição de 2022 da SP-ARTE, que segue gerando negócios para o mercado, principalmente no eixo São Paulo – Rio, com as famosas pós-vendas.

É consenso que a décima oitava edição da SP-ARTE teve clima de festa. Depois de dois anos, entre os dias 6 e 10 de abril, a mais importante feira da América Latina, voltou ao pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, com um público animado. Cerca de 5 000 pessoas por dia. 

A atmosfera também parecia consolidar uma reconciliação no setor, é importante dizer. Em 2020, diante da pandemia, o evento foi suspenso. A organização inicialmente afirmou que iria reter parte do valor investido para realização da próxima edição. As galerias, contudo, não aceitaram a negociação.

Ao fim das discussões acaloradas, em maio do mesmo ano, foi decidido que todo o valor aplicado pelos galeristas seria devolvido.

Em agosto de 2020, com os ânimos ainda abalados e pandemia em curso, optou-se pela realização de um evento virtual, a SP-ARTE Viewing Room. A página inicial, sem a hierarquização de galerias jovens e veteranas, já indicava mudanças por vir.

No ano seguinte, 2021, mais uma edição online ocorreu, entre 9 e 13 de junho. Era uma espécie de abre-alas para a versão enfim presencial, realizada entre  20 a 24 de outubro em um novo endereço, a Arca, na Vila Leopoldina.

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A Arca foi escolhida, porque o pavilhão da Bienal, onde a feira ocorre desde sua primeira edição, estava ocupado pela própria Bienal de Artes, que passou de  2020 para 2021. 

No evento da Arca, devido ao tamanho do galpão, bem mais diminuto do que o pavilhão da Bienal e seus quatro pisos, os estandes das galerias do mercado primário e do mercado secundário se misturaram. Uma novidade. Ali, já se sentia também um ar mais leve entre os galeristas e a organização da feira. 

Na volta à Bienal, essa mistura de mercados primário e secundário se desfez. Contudo, nomes de pequeno e médio porte do mercado primário, ocuparam o mesmo piso, o segundo andar, com nomes veteranos.

Antes, as galerias emergentes ficavam no piso térreo, hoje ocupado pelo setor de design. E os ditos grandes players, leia-se aí Luisa Strina, Nara Roesler, Vermelho, Casa Triângulo e por aí vai, ficavam no segundo.

Também houve nesta edição outra novidade, o projeto Radar, curado por Felipe Molitor. A empreitada incluiu uma exposição com nomes que não são representados por galerias, destaque para Anitta Boa Vida, Allan Pinheiro e Yhuri Cruz.

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Havia também lá estantes de iniciativas independentes que têm oxigenado o circuito da cidade. A escolha de Molitor foi bastante interessante, porque ele captou a diversidade da cena dita alternativa, convidando iniciativas distintas, mesmo que passem por uma mesma veia colaborativa e voltada a grupos sub-representados. Vide Nacional Trovoa, Galeria de Artistas  (GDA) e 01.01 art platform, que esteve presente em outros anos do evento. 

Também pareceu acertada a escolha de colocar os estandes de organizações, como Casa do Povo e Solar dos Abacaxis, espalhados pelo segundo andar, perto das galerias do mercado primário. A visitação assim se deu de forma mais natural.

Parênteses: Entre a edição da SP-ARTE na Arca e a volta à pavilhão da Bienal, até mesmo antes, se ouvia burburinhos sobre a realização de novas feiras em São Paulo. Houve em março então a ArtSampa, ligada ArtRio, que também teve público expressivo. Contudo, não contou com a presença de grandes players do mercado.

Em junho, ocorre a Arpa. Há que se observar para entender como será a conformação da cena de feiras de arte na cidade. Se haverá uma concorrência direta entre os eventos ou uma diversificação dos atores que participam deles.

 

Instalação de Allan Pinheiro que consiste em uma viatura de policial com dizeres de protesto
Fragmentos da História Recente do Brasil e da América Latina (2022): obra de Allan Pinheiro, na exposição do projeto Radar (VEJA SP/Veja SP)

UM KEITH HARING LOGO NA ENTRADA

A galeria Almeida & Dale tinha seu estande bem próximo à entrada do prédio e surpreendeu os visitantes, ao optar por uma seleção que dialogava com o roteiro cultural da cidade.

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Pinturas de Beatriz Milhazes, que teve exposição no Masp em 2020, e Adriana Varejão, que está em cartaz na Pinacoteca, foram exibidas por lá. Ambos obras foram vendidas. A de Varejão, cujo título é Blue Sauna (2003), foi comercializada por 6 milhões.

“Não vou fazer mais estandes pensando no melhor Portinari, o melhor Di Cavalcanti e o melhor Guignard. Quero que esses nomes, nos nossos estandes, conversem agora com artistas de projeção internacional. É isso que vemos em feiras internacionais, que fazemos lá e também vamos fazer aqui”, afirma Antônio Almeida, um dos sócios da galeria. 

Almeida também diz que notou a presença de colecionadores de diferentes estados do país, o que acredita apontar para uma maior nacionalização do consumo de arte, com forte concentração ainda no eixo Rio-São Paulo. 

A respeito de um trabalho, em papel, de Keith Haring, de 1981, ele afirma que a obra foi vendida. Porém, não pode revelar o valor, devido acordo com o colecionador que adquiriu o trabalho. 

O carioca Gugu Steiner, que empresta seu sobrenome à galeria, também falou à VEJA SÃO PAULO. “Gostei da feira, senti um público bem interessado, mais antenado do que nas outras edições, parece que as pessoas estudaram, leram mais sobre arte, durante a pandemia.” 

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Steiner, contudo, faz um apontamento: “Seria interessante ter dois dias de preview para colecionadores, que é quando a gente vende mais. Ser um evento cultural é legal, mas a gente paga pelo estande e precisa vender.”

RENOVAÇÕES EM CURSO

Tapeçaria colorida de Alex Rocca que toma uma duas das paredes e o chão de um estande
Tapeçaria de Alex Rocca: design em novo piso na SP-ARTE (VEJA SP/Veja SP)

Em sintonia com o debate decolonial, o que significa olhar para a produção de grupos sub-representados, a galeria House of Ayedun  (HOA) chamou atenção no pavilhão da Bienal. Em vez de paredes brancas, o estande era delimitado por cortinas douradas.

“Demos sold out no terceiro dia de feira”, revela Igi Ayedun, à frente do negócio. Ela conta também que o preview para colecionadores foi aquecido e que conseguiram incluir nomes desconhecidos do grande público em grandes coleções. O ticket da HOA ia de 4 000 reais até 18 000 reais. 

Pensando na renovação geracional, afora a já consolidada parceria entre Lucas e Fabio Cimino (pai e filho) na Zipper Galeria, temos agora cada vez mais presente Anita Kuczynski no escritório do marchand Paulo Kuczynski, seu pai. 

“Vendemos duas obras pequenas antes do preview presencial para colecionadores”, disse Anita, que afirma que durante o evento oito outros trabalhos foram comercializados. O tíquete por lá era a partir de 300 000 reais.

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Pensando a renovação, agora na mudança do espaço ocupado pelos estabelecimentos voltados ao design, VEJA SÃO PAULO falou com Alex Rocca que levou suas tapeçarias para a SP-ARTE. 

“Senti o público mais animado”, reiterou Rocca a opinião do meio. “Com a exposição do Radar perto do design, mais gente ia até aquele andar”, observou ainda o designer sobre o fluxo naquele piso. 

De acordo com informações do evento, mais de 25 000 pessoas, ao todo, passaram pela SP-ARTE no pavilhão da Bienal.

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