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A ótima exposição de Beatriz Milhazes em dois locais da Avenida Paulista

No Itaú Cultural, gravuras e colagens e, no Masp, pinturas; as de grande formato, com até 2 metros de altura, estão em cavaletes e compõem uma coreografia

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 fev 2021, 06h00
Exposição sobre obra de Beatriz Milhazes, no Masp
Exposição sobre obra de Beatriz Milhazes, no Masp (Eduardo Ortega/Divulgação)
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No Itaú Cultural, Avenida Paulista: Beatriz Milhazes, com curadoria de Ivo Mesquita, conta com gravuras e colagens. No Masp, o segundo braço da exposição, sob a batuta do diretor artístico Adriano Pedrosa e da curadora Amanda Carneiro, são exibidas pinturas. As de grande formato, com até 2 metros de altura, estão em cavaletes e compõem uma coreografia, que precisa do visitante presente para ganhar vida.

Antes de sair de casa, um aviso: não caia na pegadinha que diz que as telas da carioca são rasas porque ostentam cores vibrantes. Essa interpretação, ventilada em off no mundo da arte, ignora o pensamento geométrico, que é base das composições, e as formas com aspecto inacabado nas telas. Um ruído danado, com gosto de decadência e angústia.

Imagem mostra serigrafia de Beatriz Milhazes chamada
“Cabeça de Mulher”, serigrafia de Beatriz Milhazes (Divulgação/Divulgação)

O fato é que Beatriz ocupa um lugar singular: busca unir, sem hierarquia, cultura popular, pop art americana, barroco, legados das vanguardas europeias e do neoconcretismo. insiste nessa estrada sabendo do estranhamento que causa, já que muita gente parece preferir a figura do artista que bebe da chamada “baixa cultura”, mas sempre deixando claro que não vem dali. A carioca ainda se vale de arabescos e rosáceas, vide Cabeça de Mulher (acima; 1996), usados como munição para detratores a acusarem de “meramente decorativa”.

O tom pejorativo é o mesmo que já foi usado com uma de suas referências, Tarsila do Amaral (1886-1973), à despeito da sua consagração. Dito isso, resta esperar que ventos futuros tragam análises com perspectivas de gênero que nos respondam se nessa associação de mulheres artistas com o decorativo há um bocadinho (ou muito) de machismo.

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>Masp. Avenida Paulista, 1578, ☎ 3149-5959. Terça, 10h às 19h30, quarta a sexta, 13h às 18h30; sábado e domingo, 10h às 17h30. R$ 45,00. Grátis às terças e às primeiras quartas do mês. Agendamento em tinyurl. com/qkmez55. Até 30 de maio.

>Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. Terça a sexta, 13h às 19h; sábados e domingos, 10h às 16h. Grátis. Agendamento em tinyurl.com/y232fs8u. Até 30 de maio.

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Publicado em VEJA São Paulo de 24 de fevereiro de 2021, edição nº 2726

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