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Diretor paulistano Zé Renato Pecora volta aos palcos

Aos 85 anos, fundador do Arena é a atração de “Doze Homens e Uma Sentença”, peça em cartaz no Teatro Imprensa

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h15 - Publicado em 12 mar 2011, 00h50

Nas últimas cinco décadas, o diretor paulistano José Renato, de 85 anos, decorou cada fala dos mais de oitenta espetáculos que montou. Enquanto ensaiava o elenco, ele prestava atenção nos diálogos dos personagens e os guardava na cabeça. Diante de algum imprevisto, Zé Renato, como é chamado, subia ao palco em substituição ao ator impossibilitado e salvava a apresentação. “Por isso, acho injusto publicarem que há cinquenta anos não atuava”, reclama ele. “Eu apenas não criava o personagem e cumpria temporada.”

Esse jejum foi quebrado com o drama Doze Homens e Uma Sentença, em cartaz no Teatro Imprensa. O convite do diretor Eduardo Tolentino de Araújo logo se transformou em insegurança. Afinal, Zé Renato julgou que não seria fácil decorar as 65 páginas do texto em um mês. “Nos primeiros quinze dias, era um terror pensar que o espetáculo poderia ser paralisado por minha culpa”, confessa ele, que, hoje, tem na memória inclusive as falas dos onze colegas de elenco. Garante que, se não fosse o tipo físico, enfrentaria qualquer papel da montagem.

José Renato Pecora afirma isso desprovido de arrogância. Em suas palavras está embutida a noção do teatro coletivo, em que todos são responsáveis pelo resultado, como aprendeu na Escola de Arte Dramática (EAD), onde se formou na primeira turma, em 1950, e praticou ao fundar o Teatro de Arena de São Paulo, em 1953.

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Grande parte dos espectadores de “Doze Homens e Uma Sentença” talvez não tenha noção da relevância daquele senhor miúdo de 1,62 metro. Ao contrário de seus contemporâneos, ele esnobou a TV e não conheceu a popularidade. “Sei que financeiramente foi uma escolha infeliz.” No palco, dirigiu a clássica “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, e sucessos com Raul Cortez, Juca de Oliveira e Maria Della Costa. Comprou imóveis e carros, mas se desfez do patrimônio para cobrir as dívidas de peças fracassadas. “Só restou o apartamento do Rio de Janeiro, onde mora a minha mulher”, conta ele, que é pai de três filhos. “Um de cada casamento.”

Como vive entre as duas cidades, em São Paulo aluga um apartamento na Casa Verde e circula de ônibus ou metrô. “Não vejo problema nisso. Eu sempre trabalhei e vou continuar trabalhando”, diz ele, que neste ano ainda pretende montar a peça “O Diabo Vermelho”, com o ator Marcos Caruso.

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