Aflições paulistanas: violência
O medo pela falta de segurança é responsável por uma espécie de novo sintoma, o stress pré-traumático
O estilo de viver paulistano, no qual se pensa em criminalidade o tempo todo — no restaurante, no trânsito ou na reunião de condomínio —, é um prato cheio para quem já tem tendência ao estado de ansiedade. Está hoje em discussão a existência de uma espécie de stress pré-traumático, experimentado por pessoas que nem sofreram um caso grave de violência, mas se desgastam por se sentir ameaçadas. Ou seja, são psicologicamente assaltadas, e o medo de que algo ruim aconteça pode não se limitar a essa questão. “A insegurança vai contaminando outros aspectos da vida, inclusive o relacionamento e a estabilidade no emprego. Foca-se a rotina em uma tentativa de controle que é impossível, e isso se torna um caminho para a infelicidade”, descreve o psicólogo Eduardo Ferreira-Santos.
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Fora dos consultórios, o medo de sentir medo é assunto frequente para Marco Belmonth, diretor operacional do Grupo Uzil, de treinamento de segurança privada. “Empresários temem o efeito psicológico na família da presença ostensiva do guarda-costas e dos carros de escolta. A orientação é que, quando possível, o profissional tente mesmo ser invisível. Mas terá de explicar ao protegido que, em uma cidade como esta, isso muitas vezes será impossível.”