Velocidade média das motos já é acima do limite permitido na 23 de Maio
Dados da CET indicam que elas rodam de 62km/h a 65km/h; faixa vai espremer espaço para ônibus na via
As motos que trafegam pela avenida 23 de Maio, uma das principais ligações entre as zonas norte e sul da cidade de São Paulo, já trafegam, em média, entre 62km/h a até 65km/h, acima do limite de velocidade permitido na via, que é de 60km/h.
Os dados são da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A companhia não descarta que a criação da faixa para motos, batizada e Faixa Azul, poderá levar o motociclista a ficar tentado a aumentar a velocidade na via. A nova faixa vai exigir ainda redução de largura do espaço exclusivo usado pelos ônibus para ser implantada.
Para evitar isso, a ideia é colocar motos da companhia circulando no trecho, além de solicitar apoio da PM (Polícia Militar).
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“A questão da velocidade é um agravante em qualquer situação”, afirma o diretor de planejamento e projetos da CET, Luiz Fernando Devico.
Além de monitorar a futura faixa, outra forma de tentar conscientizar os motociclistas é com apoio de entidades como o Sindicato dos Motoboys de São Paulo e AmaBR (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil).
Uma das principais metas é a de tentar reduzir em até 30% a quantidade de acidentes envolvendo motociclistas. Atualmente os motociclistas são as principais vítimas do trânsito de São Paulo. A média de mortes é de quase 1 por dia (0,94), número que pode ser ainda maior no último ano, já que muitas pessoas que se viram desempregadas na pandemia encontraram na moto um socorro financeiro e muitas, sem o devido preparo, podem acabar se envolvendo em acidentes, por vezes graves.
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A 23 de Maio ocupa o quarto lugar no ranking de número de motocicletas circulando no horário de pico. São 2 038 rodando a cada 60 minutos nos horários de maior movimento, atrás apenas da marginal Pinheiros (4 344), Radial Leste (2 318) e a marginal Tietê (2 133).
Dados da CET indicam que quatro oito em cada dez acidentes com vítimas ocorridos na via entre 2018 e 2020 envolveram motos (78%).
Se o projeto piloto der certo na 23 de Maio, ele poderá ser replicado para outras vias.
Espremeu a faixa dos ônibus
O trecho que integra o projeto piloto é de 5,5km e vai da praça da Bandeira até o chamado Cebolinha (complexo viário João Jorge Saad). Serão instaladas cerca de 20 grandes placas para indicar a existência da faixa.
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As faixas já existentes para carros serão mantidas. Atualmente a 23 de Maio tem cinco faixas, sendo uma destinada exclusivamente para os ônibus e as demais, para os carros. Em geral, as motos passam entre a faixa 1 e 2.
Para poder criar a tal Faixa Azul para motos, em alguns trechos as faixas de ônibus serão espremidas. Atualmente as quatro faixas de carros têm entre 2,5 metros a 2,95 metros de largura, e a faixa de ônibus, em alguns trechos, até 5,40 metros.
O novo traçado prevê que as quatro faixas para carros tenham 2,7 metros, e a Faixa Azul, 1,2 metro. Se descontada a distância interna da marcação de solo, o que sobra é um intervalo de 0,90 centímetros, pouco mais o espaço do batente de uma porta.
Segundo o diretor de planejamento e projetos da CET, Luiz Fernando Devico, essa readequação não atrapalhará a circulação dos ônibus. “Em alguns trechos da cidade eles têm 3 metros de espaço [largura]”, afirma.
Ele também disse que a largura da Faixa Azul é mais do que o suficiente mesmo até para motos de grande porte.
O custo total para implantação do projeto é de R$ 500 mil, valor bem inferior se for calculado o quanto a cidade gasta com acidentes envolvendo motociclistas.
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