“Vale Tudo”: público se diverte com “sumidos” da TV
Fizemos um “por onde anda” para você matar saudade de atores como Lídia Brondi, Carlos Alberto Riccelli e Rita Malot
O que seria de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) sem o seu “capacho” Freitas (João Camargo)? E com quem Ivan (Antonio Fagundes) iria desabafar senão com Luciano (Jairo Lourenço)? Celina (Nathalia Timberg) também não desgrudou durante toda a novela de Laís (Cristina Prochaska). A reprise de “Vale Tudo” não só se tornou um sucesso – colocando o canal Viva em primeiro lugar no horário (de 0h45 à 1h40) entre as tevês fechadas – como deixou uma pergunta no ar: aonde foram parar atores que sumiram da TV?
+ “Vale Tudo” se despede (de novo)
Lídia Brondi (Solange): abandonou a carreira artística em 1990, depois de atuar em “Meu Bem, Meu Mal”. A agora ex-atriz, casada com o ator Cássio Gabus Mendes, teve Síndrome do Pânico e desapareceu não só das novelas como de eventos sociais. Optou pela carreira de psicóloga – formou-se pela PUC de São Paulo – e atualmente desenvolve um trabalho com dependentes químicos. Cássio afirmou que ela não dá entrevistas e que não gosta muito de ver seus trabalhos na TV. “É como eu, que também não gosto de me assistir. Mas acho que ela deu uma espiadinha na reprise de ‘Vale Tudo’.”
Carlos Alberto Ricelli (César): mudou-se para os Estados Unidos com a mulher, Bruna Lombardi, em 1991. Depois de “Vale Tudo”, ele atuou na minissérie “Riacho Doce”, em 1990 e “A E I O Urca”, no mesmo ano. Em 1997, integrou o elenco de “A Indomada” e, em 1999, fez “Chiquinha Gonzaga”. Em 2005, estreou como diretor de cinema, no filme “O Signo da Cidade”, rodado em São Paulo. Sua mulher, Bruna Lombardi, atuou como protagonista e roteirista. A dobradinha se repetiu no longa “Stress, Orgasms, and Salvation”, no mesmo ano. Em agosto próximo Riccelli lança no Brasil o filme “Onde Está a Felicidade?”. “Quero muito voltar a fazer novela. Mas preciso arrumar tempo. Quem sabe se eu me apaixonar por algum personagem?”, diz Ricelli. Do figurino de César, ele sente saudade da sunga. “Sem dúvida nenhuma, um grande sucesso [risos].”
Jairo Lourenço (Luciano): hoje mora em uma chácara no município de São José dos Pinhais, no Paraná. “Cheguei a fazer outras novelas na Globo, como ‘O Dono do Mundo’ e ‘Força de um Destino’, mas depois começaram a aparecer apenas papeis muito pequenos e percebi que assim não valia a pena continuar morando no Rio de Janeiro”, diz o ator, aos 50 anos. “As pessoas hoje não me reconhecem mais na rua porque estou bem diferente, com cabelos brancos e alguns quilinhos a mais”, diverte-se. Jairo ainda aparece na TV, em comerciais para a televisão. Ele não vê a reprise de “Vale Tudo” porque tem a novela gravada. “Usei como portfólio.” Dos colegas da novela. Jairo ainda mantém contato com João Camargo (Freitas) e Lília Cabral (Aldeíde).
Rita Malot (Marieta): deixou a carreira de atriz e passou a se dedicar à moda. “Hoje tenho um showroom de calçados e bolsas no Rio de Janeiro”, conta ela. “Comecei a perceber que trabalhar como atriz era muito complicado. É como eu sempre digo: quando o ator está fazendo novela, fica dez meses comendo camarão, depois, passa a pão e banana”, ironiza. Aos 52 anos, Rita diz que sente saudades dos colegas de “Vale Tudo”, mas não se arrepende de ter deixado a carreira artística. “Hoje tenho estabilidade financeira.”
Cristina Prochaska (Laís ): tem feito pequenos papeis em novelas da Rede Globo e atualmente grava a minissérie “As Brasileiras”, dirigida por Daniel Filho. “Acho as novelas hoje muito rasas, não há aprofundamento na alma das personagens. Por isso as pessoas estão gostando de ‘Vale Tudo’, era uma trama perfeita em todos os sentidos.”
Paulo Reis (Olavo): tem se dedicado mais aos palcos. Atualmente é diretor artístico do Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro. “É engraçado porque, com a reprise de ‘Vale Tudo’, voltei a ser reconhecido nas ruas. E mais interessante ainda é notar que eu fiz uma participação em ‘Insensato Coração’ e ninguém reparou… (risos!). É claro que todo ator deseja fazer sucesso, estar na novela das oito da Globo, mas a minha vida foi tomando um outro rumo. Infelizmente, são poucos que conseguem só ter altos e altos na vida. Mas estou feliz com o meu trabalho.”
Fernando Almeida (Gildo): foi brutalmente assassinado em um ponto de ônibus no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em abril de 2004, após um desentendimento na saída de um baile funk. O ator, de origem humilde, tinha apenas 30 anos. Almeida iniciou sua carreira em 1980, aos seis anos, na novela “Olhai os Lírios do Campo”. Em 1984, teve destaque vivendo Gibi, o menino amigo do protagonista, Pardal (Tony Ramos), na global “Livre para Voar”. Participou ainda de “Lua Cheia de Amor” (1991) e da minissérie “Sex Appeal” (1993). Seu último trabalho na televisão foi em “A Padroeira” (2001). O ator era casado e tinha uma filha.
Maria de Lourdes Mayer (Dona Pequenina): morreu de enfisema em 1998, no Rio de Janeiro. De família de artistas, era filha da atriz e radialista Luiza Nazareth e irmã das atrizes Alair Nazareth e Zilka Salaberry. Foi esposa do ator Rodolfo Mayer, com quem teve dois filhos, Ricardo e Rodolfo. Foi uma das estrelas da “era de ouro” do radioteatro, na década de 1950. Além de “Vale Tudo”, atuou em “Anos Rebeldes” e “Xica da Silva”. Era chamada pelos amigos artistas de “anjo bom”.
Lala Deheinzelin (Cecília): trabalha atualmente como produtora cultural. Depois de “Vale Tudo”, a atriz fez dois trabalhos na televisão: a novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão” (1990), na qual viveu Zaira, e a minissérie “As Noivas de Copacabana” (1992). No cinema, atuou em “Eros, o Deus do Amor” (1981), “Festa” (1989) e “O Corpo” (1991).
Cláudio Corrêa e Castro (Bartolomeu): morreu em 2005. O ator sofria de diabetes e hipertensão e morreu em consequência de uma falência múltipla de órgãos. O artista foi um dos recordistas de participação em telenovelas no Brasil, chegando a atuar em mais de 40 folhetins. Além de “Vale Tudo”, atuou em outros sucessos como “Tieta”, “O Dono do Mundo” e “Chocolate com Pimenta”.