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Universidades americanas oferecem bolsas a atletas paulistanos

Jovens da capital bons de bola entram na disputa por vagas em instituições de ensino nos Estados Unidos

Por VEJA SÃO PAULO
Atualizado em 1 jun 2017, 17h09 - Publicado em 12 dez 2014, 22h00
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Em agosto, o estudante Ariel Moreira, de 18 anos, deixou a cidade para frequentar aulas de gestão esportiva na Oklahoma Wesleyan University, no centro-oeste dos Estados Unidos. Foi o local escolhido pelo jovem entre oito instituições americanas que lhe ofereceram ótimas bolsas de estudos, mesmo ele não tendo um boletim exemplar no ensino médio. “Meu filho sempre passou de ano raspando”, entrega a mãe, Shirlei.

As faculdades, no entanto, estavam de olho em outros talentos do rapaz, como driblar e fazer gols. Hoje, Moreira reforça o ataque do Eagles, time da Oklahoma na disputa da liga de futebol universitário do país. Do custo anual de 37 000 dólares pelo curso, sua família só desembolsa 20 000 dólares, incluindo moradia e alimentação.

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O atacante faz parte da safra de quase 150 paulistanos que saíram daqui neste ano para estudar no exterior graças ao talento com a bola. Trata-se de um número 30% superior ao de 2013, e a tendência é que esse ritmo de crescimento se mantenha.

Com a popularização do soccer, os técnicos das universidades estão preocupados em elevar o nível de suas equipes, e o Brasil é um dos destinos mais óbvios para garimpar talentos. Nos EUA, a modalidade amadora é levada a sério e cresceu a ponto de faturar 913 milhões de dólares (2,1 bilhões de reais) em 2013. O dinheiro é movimentado por mais de 400 clubes. Estrangeiros ocupam um terço das vagas no campo. Chances em escolas de primeira linha, como Harvard, são raríssimas, mas há muitas oportunidades em instituições médias. Os cursos de administração, educação física e comunicação estão entre os mais procurados.

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Uma das formas de seleção dos candidatos a jogadores são as peneiras realizadas por empresas especializadas. Na última terça, 9, ocorreu um evento desse tipo, promovido pela Next Level Sports no CDC Nacional, no Bom Retiro. De um total de 22 candidatos, apenas oito mostraram habilidade suficiente para avançar no programa. Os sobreviventes passam por um acompanhamento acadêmico e esportivo que dura em média um ano.

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Os melhores momentos do atleta em ação são registrados em um DVD, que é entregue diretamente às universidades escolhidas com base no perfil do aluno. O meio-campista Guilherme Crivelani, 18, recebeu uma oferta de bolsa de 80% para estudar administração no Alabama, mas recusou. “Consigo coisa melhor”, acredita.

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Outro caminho para o embarque é encarar uma seleção anual que ocorre em julho na Flórida. Nesse caso, os “vestibulandos” pagam a partir de 10 000 reais para participar do processo. Eles são testados no campo e na sala de aula sob a supervisão de olheiros das faculdades. O negócio é organizado por uma empresa americana, a International Doorway. Em seu material de marketing, ela garante que o participante vai terminar o processo com, no mínimo, seis ofertas, ainda que com um desconto mais modesto nas mensalidades, em vez da sonhada bolsa de estudos.

Além de chutar, cabecear e driblar, a lista de requisitos importantes inclui domínio avançado de inglês, comprovado pelo teste Toefl, e uma performance de pelo menos 800 pontos no SAT, espécie de Enem americano.

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Uma vez lá, muitos boleiros custam a se adaptar, pois o padrão de ensino e de estilo de jogo é bem diferente. “Condicionamento físico e disciplina nos estudos mostram-se mais importantes que a habilidade com os pés”, explica Felipe Fonseca, diretor da Daquiprafora, uma das consultorias especializadas nesse mercado.

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A despeito das dificuldades, a chance de sucesso é boa no esporte. Muitos americanos começaram a prestar atenção no futebol nos anos 70, depois da contratação de Pelé pelo Cosmos, de Nova York. O êxodo de compatriotas trilhando o mesmo caminho demorou, mas agora começa a se viabilizar graças ao avanço do soccer universitário.

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