Três perguntas para… José Mayer
A barba e a cabeleira usadas pelo ator não pertencem ao personagem Pereirinha da novela "Fina Estampa"
A barba e a cabeleira usadas pelo ator mineiro José Mayer na novela “Fina Estampa” não pertencem ao personagem Pereirinha. Elas caracterizam o leiteiro judeu Tevey, protagonista do musical “Um Violinista no Telhado”, que estreia na sexta (16) no Teatro Alfa. O visual rústico pode ter frustrado as fãs do galã, mas trouxe ao artista de 63 anos a sensação de viver o auge nos palcos.
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VEJA SÃO PAULO – Como se sentiu ao enfrentar o risco de atuar, cantar e dançar em um musical?
José Mayer – Eu tenho medo de qualquer coisa, e isso impulsiona a minha carreira. Mas não fico acuado, quero enfrentar. Gosto de saber que aos 63 anos abri uma nova frente de trabalho. Nunca imaginei que fosse capaz de dançar uma coreografia de Jerome Robbins. Já havia esquecido as preocupações de atleta (risos). Um ator pode estar gripado e rouco e ainda assim driblar o texto. Em um musical não há essa possibilidade. Descobri que usar o cachecol não é frescura e que não posso tomar banho quente e sair para a rua de imediato em um dia frio.
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VEJA SÃO PAULO – Recorreu a alguma preparação teórica antes da estreia?
José Mayer – Durante sete anos, dos 11 aos 18, eu fingi que seria padre no seminário de Congonhas do Campo, em Minas Gerais. Mas foi lá que, sem saber, comecei a preparação de ator e até para o musical. Estudei piano, aprendi a ler partituras e cantava no coro. Só não enveredei pela música porque o teatro dramático se impôs. Participei de vários grupos em Belo Horizonte, mas sem nunca me manter ligado a nenhum. Uma companhia confina o ator e gosto de experiências com colegas diferentes. As pessoas procuram famílias provisórias no teatro para suprir suas carências. Como tenho minha família em casa, não preciso buscar uma no trabalho.
VEJA SÃO PAULO – O que acha quando ouve que ficou feio e mais velho com esse visual?
José Mayer– Acho esse visual maravilhoso. Até porque ele me apontou um novo caminho. O Aguinaldo Silva, autor de “Fina Estampa”, e o Wolf Maya, que é diretor da novela, me chamaram para fazer o Paulo, hoje interpretado pelo Dan Stulbach, mas eu não podia cortar a barba e o cabelo. Eles adaptaram o Pereirinha para isso. Gosto de transformações e pouco fugi do galã na TV, talvez o Osnar da novela “Tieta”, em 1990, era um pouco mais rústico. Essa imagem é legal. Até porque estou com 63 anos, não?