Aflições paulistanas: trabalho
Com o aumento da preocupação com a carreira, o terapeuta passou a assumir o papel de um coach profissional
Ao entrar no consultório da analista do comportamento Alice Maria Delitti, um oásis de silêncio em plena Avenida Faria Lima, boa parte dos pacientes prefere continuar ligada nas questões de seus escritórios. “Isso cresceu fortemente ao longo dos meus 34 anos de clínica. Antes, os relacionamentos amorosos pesavam mais no cotidiano”, lembra a profissional. Dois temas predominam nas conversas. Durante um bom período de tempo, os clientes querem discutir estratégias de carreira: desde se preparar melhor para lidar com o chefe até como se sair bem em uma apresentação. Tudo isso costuma resultar em maiores jornadas. Paradoxalmente, reclamam muito da carga horária extenuante, da falta de tempo para qualquer coisa, se somados os serões às horas presas no trânsito, e desejam uma melhor qualidade de vida.
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A alguns quilômetros dali, na também pilhadíssima Avenida Paulista, o psicanalista Welson Barbato experimenta o mesmo fenômeno. “Tem muita gente vivendo um namoro com o próprio trabalho, nos momentos de satisfação ou insatisfação. O complicado desse foco é: diante da perda do emprego, o que sobra?”