Branco Mello: “O Titãs tem vida própria”
Banda completa 30 anos e faz série de shows do álbum “Cabeça Dinossauro”, lançado em 1986
Em 15 de outubro de 1982, os Titãs do Iê-Iê se apresentavam pela primeira vez, no palco do Sesc Pompeia. O show começou à meia-noite, numa espécie de “sessão maldita”, como lembra o vocalista e baixista Branco Mello. Na plateia, amigos de outros grupos de rock, como Ultraje a Rigor e Ira!. A banda, que não demorou muito para abandonar o “Iê-Iê” do nome, continua firme e forte e comemora seus 30 anos com uma série de sete shows nos dias 8, 9, 10, 14, 15, 16 e 17 de março em outro Sesc, desta vez o Belenzinho.
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As apresentações serão focadas no álbum “Cabeça Dinossauro”, o terceiro da carreira, lançado em 1986, e devem virar um DVD. Mas por que homenagear esse disco e não “Titãs”, que marcou a estreia em 1984 e continha o primeiro grande hit do grupo, “Sonífera Ilha”? “Foi o disco que projetou a gente como banda”, explica Branco Mello. “‘Sonífera Ilha’ tocou no Brasil inteiro, mas ela ficou mais conhecida do que a banda. Com o ‘Cabeça Dinossauro’ ocorreu o contrário.”
Emblemático, o álbum tem uma pegada mais punk rock e contém sucessos como “Homem Primata” e a faixa título. “Muitas das músicas a gente não tocava há anos”, afirma Mello, que se apresentará ao lado de Paulo Miklos, Tony Belloto, Sérgio Britto e do baterista Mario Fabre, que sempre os acompanha. Canções de outros discos também entram no repertório, sempre com um tom mais ácido, como “Televisão”.
Hoje são apenas quatro Titãs, mas no início eram nove. Com o tempo, André Jung, Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer, Nando Reis, Ciro Pessoa e Charles Gavin, que entrou para substituir Jung, deixaram a banda. “Numa longa trajetória como a nossa é normal que aconteçam essas mudanças”, explica o baixista. “O Titãs tem vida própria. Essas perdas acabam gerando mudanças positivas para a gente. É uma banda que está sempre em movimento”.
Apesar das perdas, os ex-Titãs permanecem amigos: “Não ficou nenhuma mágoa profunda”, diz. Quanto aos que sobreviveram a 30 anos de convivência, Branco acredita que o tempo ajudou a amadurecer o relacionamento entre eles. “A gente se conhece tanto que aprendeu a lidar com os problemas.”
E não faltaram momentos marcantes ao longo da carreira. O baixista lembra com emoção da primeira vez em que eles ouviram “Sonífera Ilha” na rádio. “Tínhamos acabado de gravar o programa do Raul Gil e estávamos no carro indo para o Longchamp, na Rua Augusta. Foi uma sensação única”, conta.
O grupo ainda tem outras comemorações marcadas para 2012. Esse mesmo álbum deve ganhar uma reedição, com adição de faixas demo que gravaram na época. E Branco promete um show em que os ex-integrantes e outras figuras importantes para a banda serão convidados. O projeto deve acontecer no segundo semestre.
Além disso, no projeto “Futuras Instalações”, que estreou em outubro do ano passado, eles dão pitadas de músicas inéditas em que vêm trabalhando. Sua próxima apresentação com esse show será em 11 de março, no Sesc Itaquera.