‘Na Arca às Oito’ reconta fábula de Noé sob a perspectiva dos pinguins
Com montagem enxuta, peça aborda saga das aves para embarcar antes do dilúvio
Em sua agradável sede, localizada em um galpão no Alto da Boa Vista, região de Santo Amaro, a Cia. Paideia volta a apresentar mais uma simpática peça. Escrita pelo dramaturgo alemão Ulrich Hub e traduzida por Christine Röhrig, Na Arca às Oito toca em uma questão delicada — a existência de Deus — sem levantar bandeiras. O tema é debatido por um trio de pinguins no meio da Antártica, curiosos para saber se alguém zela por eles naquele lugar tão frio e coberto de neve. Depois de algumas discussões e brigas, os três recebem a visita de uma pomba, que lhes traz um recado muito importante: Deus existe, sim, e resolveu provocar um dilúvio para começar tudo de novo. A única maneira de se salvar é encontrar Noé, o humano incumbido de construir uma arca e separar apenas dois bichos de cada espécie. Últimas a ser avisadas, as aves devem estar no local do resgate pontualmente às 8 da noite. Diante do impasse de quem ficará fora da embarcação, os pinguins decidem levar o terceiro membro do grupo dentro de uma mala.
Vale a pena ver essa pequena fábula pela engraçada atuação de Camila Amorin, Rogério Modesto e Manoela Pamplona, além do cativante enredo. Contribui também para o resultado o bom texto, cheio de graça e referências à convivência dos animais, como a formiga que perde o marido na confusão e os antílopes que não querem dormir perto dos leões. Enxuta, a montagem ainda conta com dois músicos e mais dois atores ao lado do palco, responsáveis pela trilha e por ajudar na narração da história.