Ionilton Gomes Aragão: esquadrão da limpeza na Zona Leste
O agente de saúde da Vila Nossa Senhora Aparecida
Duas das empresas contratadas pela prefeitura para cuidar do lixo da cidade, o Consórcio Soma e a Ecourbis Ambiental, planejam replicar em vários bairros um modelo bem-sucedido de parceria entre elas e os moradores da Vila Nossa Senhora Aparecida, na Zona Leste. Antes disso, a favela era tão suja que virava área de descarte de sobras e de entulhos até de gente que não residia por lá. Montanhas formadas por sacolas plásticas e garrafas PET vazias de refrigerante, entre outras coisas, entupiam calçadas e ruas inteiras, dificultando a circulação. Ratos, baratas e animais mortos eram vistos por toda parte. No trabalho de limpeza, os caminhões e funcionários da coleta demoravam 45 minutos para recolher 14 toneladas de detritos por dia. Hoje, a operação não leva mais que dez minutos e o volume retirado se reduziu a quase a metade. A transformação sugerida por esses números é visível em vários lugares da região. Uma das rotatórias principais, que ficava encoberta pelo lixo, abriga atualmente uma tenda cultural nos fins de semana, com apresentações de rodas de viola, teatro e samba.
A virada ocorrida a partir do fim do ano passado começou graças ao empenho de um dos moradores, o agente de saúde Ionilton Gomes Aragão, de 42 anos. Cansado de ouvir reclamações dos vizinhos sobre o incômodo da imundície, ele resolveu investigar os hábitos das pessoas e chegou à conclusão de que muitos ali tinham sua parcela de culpa no problema. “Cada um depositava o lixo quando e onde queria, normalmente em pontos inapropriados”, lembra. Com a ajuda de um grupo de conhecidos, Aragão começou a traçar as diretrizes do plano que batizou de Varre Vila. Entre outras ações, eles fizeram um mutirão para esfregar ruas e calçadas até deixar tudo um brinco e instalaram, com o apoio da Soma e da Ecourbis, 350 papeleiras para o descarte de resíduos. No início da operação, Aragão e seus colegas chegavam a montar campana em pontos de descarte para orientar a população a se desfazer do lixo apenas em locais e horários apropriados. “Ao verem o bairro em ordem, alguns moradores começaram a se sentir envergonhados de não seguir as normas e passaram a cobrar os outros, formando uma corrente a favor da limpeza”, conta o voluntário, que já sonha com os futuros desdobramentos da ideia. Nos próximos meses, a Vila planeja começar a fazer coleta seletiva e quer implantar 200 floreiras para deixar de vez a sujeira na poeira do passado.
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