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‘Soletrando’: paulista passou quatro meses estudando para vencer

Natural de Santo André, o estudante de 12 anos representou o estado e garantiu a vitória dos paulistas pela primeira vez em quatro edições

Por Giovana Romani
Atualizado em 5 dez 2016, 18h51 - Publicado em 16 abr 2010, 19h04

Iâmbico, segundo o dicionário Aurélio, significa irônico, sarcástico, satírico. Ao dizer corretamente as letras que formam tal palavra — que ele nunca havia ouvido antes —, Dener Luiz Silva sagrou-se campeão do Soletrando, quadro cuja final foi exibida no último sábado, no Caldeirão do Huck, da Rede Globo. Natural de Santo André, o estudante de 12 anos representou o estado de São Paulo na edição 2010 do concurso e garantiu a vitória dos paulistas pela primeira vez em quatro edições. Só na seletiva estadual, havia batido oitenta concorrentes. “Ganhei porque fiquei tranquilo”, conta. “Durante a competição, tive um decréscimo de nervosismo.” Determinado e dono de um português corretíssimo, Dener sempre foi precoce. Alfabetizou-se aos 4 anos de idade. Aos 6, leu seu primeiro clássico, ‘Memórias de um Sargento de Milícias’, de Manuel Antônio de Almeida. Entre as outras obras de que gosta estão Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Ele tem apreço especial pela escritora cearense Rachel de Queiroz, homenageada do Soletrando que completaria 100 anos em novembro. “Já li seis livros dela”, orgulha-se.

Mas Dener não é bom apenas em português e literatura. Está no 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Doutor Américo Brasiliense e suas notas costumam variar entre 9 e 10. “Quem faz a escola é o aluno”, acredita. No ano passado, ganhou a medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. “Nunca precisei cobrá-lo nos estudos”, afirma sua mãe, a dona de casa Maria de Fátima Silva. Ela e o marido, o soldador Luiz Honório, são católicos fervorosos. Dener usa dois crucifixos no pescoço e atribui a Deus a responsabilidade por suas conquistas. Estudar ajudou, é claro. De dezembro a março, ele fez uma imersão nas letras miúdas dos dicionários Aurélio e Houaiss para ampliar seu vocabulário. Criou uma metodologia lógica para memorizar a grafia das palavras.

A exemplo de xanteína (matéria corante que se extrai da dália amarela, segundo o Aurélio), soletrada por ele de bate-pronto na final do concurso. “Sabia que xanto é relacionado a amarelo e se escreve sempre com x”, explica. Ao sair vitorioso do Soletrando, o jovem ganhou um troféu, uma medalha da Academia Brasileira de Letras e uma bolsa de 100 000 reais. Ainda não sabe como vai usar o dinheiro, mas pretende seguir carreira na área de direito. Na última terça, foi recebido pelo prefeito de Santo André, Aidan Ravin, e pelo governador Alberto Goldman. “O Dener é desses pequenos gênios”, diz o apresentador Luciano Huck. “Um orgulho.”

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