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Teatro Municipal vive dias de conflito

O maestro Rodrigo de Carvalho fala sobre motim de músicos da Sinfônica Municipal. Eles pediram sua saída alegando “limitada competência artística”

Por Pedro Ivo Dubra
Atualizado em 5 dez 2016, 18h44 - Publicado em 22 jun 2010, 12h43

Fechado para reformas, o Teatro Municipal anda vivendo dias agitados. Músicos da Orquestra Sinfônica Municipal (OSM) pediram a saída de Rodrigo de Carvalho, que ocupa interinamente o posto de regente titular desde 2008. Uma carta foi endereçada ao prefeito Gilberto Kassab, ao secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, à diretora do Municipal, Beatriz Franco do Amaral, e ao próprio maestro. Entre as alegações dos instrumentistas, está a “limitada competência artística” do condutor. O clima azedou e os compromissos do grupo “rebelado” foram suspensos até agosto. Na última quarta-feira, Rodrigo de Carvalho, paulistano de 36 anos, recebeu VEJA SÃO PAULO em seu apartamento em Higienópolis para a seguinte entrevista:

Como começou a briga?

Após o concerto da Virada Cultural, no dia 15 de maio, resolvi conversar com a primeira flautista da orquestra. Havia reparado que ela não vinha preparada para os ensaios e decidi que, até dezembro, ela faria a segunda flauta, para refletir sobre seu comportamento, sem perda salarial. Em momento nenhum foi algo sumário. A conversa ocorreu no meu camarim, discretamente. Depois disso, fui passar duas semanas em Budapeste, onde regi Villa-Lobos, e os músicos começaram a se articular. Fizeram assembleias para pedir a minha saída.

A quantas andava o relacionamento com a orquestra?

É um grupo bastante bélico, burocrático e corporativista. A primeira reação é defender o colega — infelizmente, sem nenhuma autocrítica. Como chefe, tive de tomar decisões que desagradaram a um ou a outro. É do cargo: não sou um colega que precisa consultá-los. O episódio da Virada foi o estopim.

Ser mais jovem do que alguns músicos atrapalhou?

Sim, tem gente que está lá há vinte, trinta anos. Há poucos mais jovens do que eu. Não sou o primeiro nem o último a passar pela situação de ter de dar ordens a profissionais mais velhos.

Que sensação experimentou ao receber a carta dos músicos em que diziam que o senhor tinha uma “limitada competência artística”?

Recebi como um golpe muito baixo, uma agressão abaixo da linha da cintura. Se a capacidade artística estivesse em jogo, eu não teria chegado aonde cheguei. Em vez de questionar decisões disciplinares, eles se firmaram num tema subjetivo, que dá pano para mangas. Foi uma baixaria.

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A imagem do maestro para o público leigo é a de um sujeito autoritário. Como o senhor definiria o seu trato com os músicos?

Está bem longe dessa imagem caricatural. Não acho que gritos e terrorismo

sejam a melhor maneira de lidar com qualquer tipo de grupo, não só orquestra sinfônica. Não sou autoritário.

Há clima para retornar ao púlpito da orquestra?

Esse assunto já vinha sendo resolvido internamente, mas algum músico acabou vazando para a imprensa (refere-se à reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no último dia 16). Era melhor ter lavado a roupa suja em casa, mas estou aberto ao diálogo.

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O senhor quer reger o concerto no Festival de Inverno de Campos do Jordão com a pianista Cristina Ortiz como solista em 28 de julho?

É óbvio.

E cumprir os outros compromissos com a orquestra.

 

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