Famoso pelo comércio de rua, Jardins ganha novo shopping
Há outro empreendimento do tipo previsto para 2019
Por cerca de duas décadas, o número 1704 da Rua Pamplona, nos Jardins, abrigou uma das dezenas de unidades do hipermercado Carrefour na capital. Em dezembro de 2015, o endereço baixou as portas e passou por uma reforma completa. Desde quinta (27), funciona no espaço o Jardim Pamplona. Trata-se do primeiro shopping do bairro.
O mix de estabelecimentos não foge muito ao visto em outros centros de compras da cidade. Oitenta lojas se espalham pelos 18 000 metros quadrados e cinco andares do local, ainda tocado pelo grupo Carrefour, também dono do Butantã Shopping. Há marcas como Samsung, Imaginarium e Contém 1g e cerca de outras vinte em atividade. Parte das demais etiquetas deve abrir seus pontos aos poucos até o fim do ano.
A praça de alimentação reunirá bandeiras como Outback e Burger King. O hipermercado ressurgiu em uma loja-conceito com decoração moderna, mais variedade de produtos e pegada hi-tech, ao trazer totens touch screen para imprimir cupons. A expectativa é receber ali 6 000 clientes por dia. A empresa não divulga investimentos, mas especialistas da área estimam que tenham sido gastos pelo menos 130 milhões de reais no negócio.
A região dos Jardins ganhou fama principalmente pelo comércio de rua de luxo. Marcam presença por lá, por exemplo, grifes do naipe de Montblanc e Tufi Duek. Ou seja, o novo shopping aparece como um estranho no ninho. “É um lugar privilegiado, pois estamos distantes de outros endereços do tipo”, afirma Fernando Lunardini, diretor presidente do Carrefour Property Division, braço imobiliário do grupo francês. Mais próximos dali, há apenas o Cidade São Paulo e o Center 3, ambos na Avenida Paulista.
O preço do metro quadrado, um dos mais caros de São Paulo, e poucos espaços disponíveis para obras de grande porte dificultaram a chegada dos centros de compras ao pedaço. Na Rua Oscar Freire, que apesar da crise segue como um dos símbolos das etiquetas ostentação na metrópole, o aluguel do metro quadrado comercial gira em torno de 150 reais, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). Assim, um pequeno comércio de 30 metros quadrados, por exemplo, precisaria desembolsar 4 500 reais, em média, para exibir seu logo na via.
O Jardim Pamplona é o primeiro da safra de investimentos do gênero na região. Irmão do requintado Shopping Cidade Jardim, o Cidade Jardim Shops tem espaço reservado na esquina da Rua Haddock Lobo com a Vittorio Fasano, onde funcionou até 2003 o restaurante Fasano. A ideia é trazer alternativas de compra mais em sintonia com os arredores, cheios de marcas de alto luxo.
Com 5 000 metros quadrados de área locável, ele teve a data de lançamento anunciada inicialmente para meados de 2013, após a liberação do alvará de funcionamento. A construção, orçada na época em 80 milhões de reais, não saiu do papel no prazo estimado. Agora a promessa é que o empreendimento seja inaugurado no segundo semestre de 2019.
Responsável pelo negócio, a incorporadora JHSF deve começar os trabalhos ainda em 2017. Chegou, inclusive, a cotar um novo projeto arquitetônico no começo do ano, mas mantém os próximos passos da obra sob sigilo. Procurada pela reportagem de VEJA SÃO PAULO, a companhia não quis falar sobre o assunto. Moradores da área mostram preocupação com a chegada de operários e escavadeiras. “O trânsito deve piorar”, prevê Célia Marcondes, fundadora da Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César (Samorcc).
Fora dos Jardins, de acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), dois novos shoppings devem abrir as portas na capital, ambos em 2018: o Cosmopolitano, da marca Carrefour, no Cambuci, e o Estação Jardim, na Zona Leste. Eles chegam em um período ainda muito difícil para esse mercado. Segundo levantamento do Ibope Inteligência divulgado em março, 46% dos pontos de venda dos centros de compras inaugurados depois de 2013 ficaram vagos.
Para enfrentarem esta fase de turbulência econômica, os estabelecimentos precisaram criar atrações diferentes para o público e renegociar aluguéis com o objetivo de frear a debandada de lojistas. De acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o faturamento do setor no Sudeste se manteve na casa dos 80 bilhões de reais entre 2014 e 2016. Uma decepção em relação a crescimentos como o que ocorreu de 2011 para 2012, de 18%. Espera-se, entretanto, uma pequena melhora no cenário neste ano.