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Sem funcionários, rede de livrarias fatura ao confiar nos clientes

As lojas no modelo pegue-pague vendem títulos por 10 reais; há três endereços na capital

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 18 fev 2019, 13h00 - Publicado em 15 fev 2019, 17h34

Desde janeiro, os paulistanos contam com três livrarias de modelo inusitado na cidade. As lojas da Top Livros, que ficam nos shoppings D, Boa Vista e Tietê Plaza, concentram um acervo de 6 000 exemplares, cada. Vendem títulos de variados gêneros a um preço acessível: todos por 10 reais. Mas não é só a pechincha que chama a atenção. Os estabelecimentos não possuem funcionários.

As unidades seguem o esquema pegue-page. O cliente escolhe os livros e em seguida vai ao local onde deve ser feito o pagamento. Lá, ele pode finalizar a compra ao digitar o valor dos produtos em uma máquina de cartão de crédito ou colocar o dinheiro no estreito buraco de um recipiente de madeira, que serve como caixa. Tudo isso sem nenhuma supervisão. “Contamos com a honestidade de cada um”, afirma o fundador do negócio, Marcelo Gonzaga.

Para quem acha que a ideia é furada, as estatísticas mostram que o esquema vale a pena. A taxa de furto média é de 8% do estoque. Cada unidade vende até 5 000 livros por mês, com um faturamento que chega a 45 000 reais, de acordo com a empresa. Todos os dias, um responsável encerra a operação da máquina de cartão de crédito e recolhe o dinheiro. A contagem e reposição do inventário é feita mensalmente.

A rede vem de Curitiba. Gonzaga é sócio-gerente da distribuidora Top Livros, empresa que repõe o estoque das livrarias. O mineiro teve a ideia há anos, mas era desacreditado quando tentava emplacar o conceito.

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Então, em 2017, surgiu uma oportunidade de testar o esquema. Em um espaço vago de um shopping de Guaratuba, município litorâneo do Paraná, o empreendedor abriu uma livraria-teste pegue-pague. “A taxa de roubo foi de 11%, mas visualizamos nisso um negócio”, conta Gonzaga.

Outros estabelecimentos do tipo foram abertos em Curitiba. Com o sucesso, veio a expansão da rede. Hoje, as onze unidades divididas entre Paraná e São Paulo rendem um faturamento mensal médio na casa dos 380 000 reais. A maioria vende títulos por 10 reais, mas algumas, em Curitiba, vendem por 20.

Como a operação não conta com atendentes, algumas vezes os clientes não conseguem trocar o dinheiro para pagar o valor exato da compra. Gonzaga conta que é comum encontrar bilhetinhos de pessoas pedindo uma conta bancária para depositar o que devem. “Aparecem mensagens dentro das caixas onde é colocado o dinheiro, com o número de telefone de quem não trocou”, explica.

Bilhete deixado dentro de “caixa registradora” diz: “Prezada senhorita. Me chamo Luiz Fernando, vi a promoção dos livros e efetuei uma compra no valor de 20 reais, porém não consegui trocar meu dinheiro e, por isso, peço a gentileza que me chame no WhatsApp”.

“Não comercializamos lançamentos, todos foram colocados no mercado há pelo menos dois anos”, conta Gonzaga. Na loja do Shopping Tietê, aberta no final de janeiro, o visitante pode encontrar desde obras de autores como Machado de Assis e Júlio Verne, até livros de fotografia, direito, enfermagem e religião.

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Com uma boa garimpada, pode-se achar títulos que são mais caros se comprados em livrarias convencionais, como o livro Heliópolis (James Scudamore, Editora Martins Fontes), que custa em média 60 reais, e na unidade da Top Livros sai por 10.
A primeira loja na capital foi inaugurada no Shopping D, na Zona Norte, na primeira semana deste ano. Na semana seguinte, foi a vez do Shopping Boa Vista, na Zona Sul, e, por último, o Shopping Tietê, Zona Norte.

Além dessas, outra livraria foi aberta no Shopping Granja Viana, em Cotia, no final de janeiro. Mais uma unidade será inaugurada por aqui no Shopping Osasco, região metropolitana, ainda neste mês.

A meta é continuar a expansão. “Até o final do ano, queremos abrir cinquenta unidades em todo o país”, prevê Gonzaga. Na Grande São Paulo, o grupo pretende instalar quinze endereços no total. Para as próximas unidades, o plano consiste em modernização para diminuir a taxa de furto. “Vamos instalar câmeras e implementar um sistema de pagamento on-line”, conta.

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