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Cancelamento de Carnaval é balde de água fria em blocos de rua

Organizadores reclamam de 'falta de diálogo', já que ocorreu desfile de escolas de samba enquanto o evento aberto ficou sem alternativa

Por Hyndara Freitas
Atualizado em 27 fev 2023, 15h43 - Publicado em 15 jul 2022, 06h00

Mais de 200 blocos de rua haviam se inscrito para o Esquenta Carnaval, programado para os dias 16 e 17 de julho como forma de compensá-los pela não realização dos festejos na capital paulista em fevereiro deste ano. Mas, no último dia 7, a festa foi cancelada, notícia que caiu como um balde de água fria para os organizadores desses grupos.

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O motivo, segundo a prefeitura, foi a falta de patrocínio: foram feitos dois pregões, nos dias 24 de junho (10 milhões de reais) e 7 de julho (6 milhões de reais), mas nenhuma empresa se interessou em injetar dinheiro. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) também havia deixado claro que não investiria recurso público — e a saída dos blocos não se viabilizou. Esse foi apenas mais um episódio do imbróglio do Carnaval de rua de São Paulo neste ano.

Representantes de blocos vinham dialogando com a gestão municipal desde 2021 para tentar realizar os festejos públicos em fevereiro, mas, em dezembro, com a chegada da variante ômicron da Covid-19 e o aumento de casos, o cenário mudou. Em janeiro, o Carnaval 2022 foi oficialmente cancelado.

Em abril, o avanço da vacinação e a diminuição de contágio e internações possibilitaram a realização do desfile das escolas de samba no Sambódromo do Anhembi. O Carnaval dos blocos, porém, aconteceu apenas em algumas festas fechadas, com cobrança de ingresso, e pressionou: ameaçou sair às ruas naquele mês mesmo sem a estrutura da prefeitura. Até que a Secretaria Municipal de Cultura resolveu fazer reuniões para ouvir o setor.

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Após conversas, o prefeito anunciou no mês passado o agora cancelado Esquenta Carnaval. Curtir os blocos nas ruas paulistanas ficou para 2023. José Cury, coordenador do Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval de São Paulo, afirma que a gestão Ricardo Nunes “trancou o diálogo” com os representantes do setor, “que existe nas periferias há oitenta anos, locais que precisam de blocos para fazer girar a sua economia local”.

Ele afirma que a falta de patrocínio já era esperada e que a prefeitura deveria ter possibilitado uma alternativa, como fez com as escolas de samba que desfilaram. “Uma postura absurdamente displicente”, opina. Ele diz que blocos pequenos ficarão no prejuízo porque haviam se planejado para sair em julho. “O cara tem um bloco, ouviu que teve uma reunião em que a secretaria falou que iria ter Carnaval. Reserva o carro de som de 5 000 reais, dá um valor de sinal. E agora, quem devolve o sinal para ele? Foi uma brincadeira. ‘Vamos pôr esses caras lá para 2023 e já era’”, lamenta.

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Jorge Vespero, organizador de blocos há vinte anos e presidente do Amigos da Vila Mariana, afirma que houve “descaso”. “Não é o Carnaval de rua, é o Esquenta Carnaval, é um evento novo. E até em razão da celeridade do processo, já era meio previsível que as empresas não entrariam. Mas (a prefeitura) cria a expectativa, cria um trabalho de organização junto aos blocos e de repente muda. É muito prejudicial.”

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A Associação Ocupa de Blocos, Bandas, Fanfarras e Cordões Carnavalescos do Carnaval de Rua pediu que a prefeitura reveja a decisão e que disponibilize estrutura com banheiros químicos e segurança, argumentando que “muitos blocos estão com seus eventos prontos, com divulgação em curso, contrataram pessoas e assinaram contratos”.

Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura afirmou que “será a organizadora do Carnaval 2023 e vai formar uma comissão representativa com os blocos de rua para que, no próximo ano, o evento seja o maior e o melhor Carnaval de rua da história”. Em 2020, última vez que o evento foi realizado antes da pandemia, o Carnaval de rua atraiu um público total de 15 milhões de foliões e movimentou cerca de 2,75 bilhões de reais na economia da cidade, segundo dados da gestão municipal.

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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de julho de 2022, edição nº 2798

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