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Paulistanos sofrem durante os dias mais secos do ano

Entre 16 de agosto e a última quinta (26), nenhuma gota de chuva caiu sobre a capital

Por Daniel Salles
Atualizado em 5 dez 2016, 18h38 - Publicado em 27 ago 2010, 22h55
Bairro da Mooca - 2180
Bairro da Mooca - 2180 (Ayrton Vignola/AE/)
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No começo do ano, durante um mês e meio, São Paulo foi castigada por temporais diários. A chuva provocou congestionamentos assombrosos, alagou bairros inteiros e deixou dezenas de desabrigados. Nas últimas semanas, porém, o drama vivido pelos paulistanos é exatamente o oposto: o clima excessivamente seco. Entre 16 de agosto e a última quinta (26), nenhuma gota de chuva caiu sobre a capital. O último aguaceiro que despencou sobre a cidade ocorreu em 16 de julho.

A Defesa Civil Municipal decretou estado de alerta na segunda-feira passada, quando a umidade relativa do ar baixou para 16%. Dois dias depois, esse índice, aferido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), caiu para 13%, o menor do ano — a mínima histórica, de 10%, foi registrada em agosto de 2009. A Mooca, na Zona Leste, foi considerada pela Cetesb a região com o pior ar da metrópole. No interior, em municípios como Pradópolis, a 350 quilômetros de São Paulo, a umidade relativa do ar baixou para alarmantes 10%, nível associado a desertos como o do Saara, no Egito. Em Altinópolis, a 350 quilômetros da capital, cerca de trinta cachoeiras evaporaram, a maior delas com 50 metros de altura.

Uma massa de ar quente é a responsável pela secura que assola os paulistanos. Estacionada sobre a Região Centro-Oeste do país desde o mês passado, ela impede a formação de nuvens, a dispersão de poluentes e a chegada de frentes frias vindas de outros cantos do mundo. A prefeitura orientou os diretores da rede municipal de ensino a cancelar atividades ao ar livre em dias muito abafados e o Colégio Dante Alighieri, nos Jardins, encurtou as aulas de educação física.

Os efeitos do clima seco são conhecidos: tosse, congestão nasal, rachaduras na pele e irritação nos olhos. “Quando a umidade relativa do ar está muito baixa, o ressecamento das mucosas aumenta, o que propicia infecções”, diz a imunologista Andrea Cohon, do Hospital das Clínicas. Idosos e alérgicos são as principais vítimas. De acordo com um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, o número de internações em hospitais públicos paulistas por doenças respiratórias aumenta cerca de 50% nesse período. No pronto-socorro central da Santa Casa de Misericórdia, em Santa Cecília, o número de pacientes com queixas como tosse e sinusite cresceu 30% nas últimas duas semanas. No domingo (22), por causa do ar seco, o Hospital Infantil Cândido Fontoura, na Água Rasa, realizou uma quantidade de consultas 50% maior do que a registrada nos demais fins de semana do ano. 

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“Boa parte dos pacientes vai a prontos-socorros nesta época por causa de simples resfriados”, afirma o clínico-geral Fernando Spagnuolo, da Santa Casa. “O correto é buscar atendimento médico apenas em casos de gripe associada a febre alta e fortes dores no corpo.” As recomendações para amenizar o incômodo causado pela estiagem são simples: redobrar a hidratação e evitar atividades físicas ao ar livre das 11 às 16 horas. “Também vale a pena carregar um colírio para minimizar as irritações nos olhos”, sugere a imunologista Andrea. A boa notícia é que a secura do ar tem tudo para melhorar pelo menos um pouco no começo desta semana, quando a temperatura deverá diminuir.

PARA ENFRENTAR A ESTIAGEM

■Não faça exercícios físicos ao ar livre entre 11 e 16 horas, principalmente ao lado de vias com tráfego intenso

■Em ambientes fechados, faça uso de vaporizadores, toalhas molhadas e bacias com água para amenizar a baixa umidade do ar

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■Evite banhos muito quentes, pois deixam a pele ressecada

■Para minimizar irritações nos olhos e no nariz, mantenha um frasco de soro fisiológico sempre à mão

■Evite ambientes fechados com ar condicionado muito frio e procure manter-se longe de grandes aglomerações

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■Sempre que possível, retire a poeira acumulada nos móveis com um pano úmido

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde

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