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São Paulo do futuro: o que esperar dos transportes

Mobilidade urbana é uma pauta bem debatida e que terá muitas novidades nos próximos anos

Por Dirceu Alves Jr., Miguel Barbieri, Saulo Yassuda, Sérgio Quintella e Tatiane de Assis
Atualizado em 24 jan 2019, 15h43 - Publicado em 24 jan 2019, 15h38
 (Leon Rodrigues/Divulgação)
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APLICATIVOS

Em 2019, a grande aposta do Uber, app pioneiro do transporte compartilhado na capital, será o aluguel de bikes elétricas. O pagamento de bilhetes de metrô diretamente na ferramenta também está em fase de provas, mas não há previsão de lançamento. A companhia começa a testar em 2023 viagens com um tipo de helicóptero elétrico, o Uber Elevate, desenvolvido desde 2016 com empresas do naipe da Embraer. A ideia é que o passeio no veículo voador custe 50% a mais que no sistema premium do app, o Uber Black. Assim, uma corrida do centro até o Aeroporto de Cumbica, por exemplo, que sai por cerca de 150 reais, poderá custar na faixa dos 225 reais. Outras empresas do ramo, como 99 e Cabify, também se movimentam e trazem iniciativas como o compartilhamento de patinetes (Cabify) e a criação de medidas de segurança, entre as quais o reconhecimento facial de motoristas (99), ambas ainda sem data de implementação.

DUAS RODAS

Experimente pedalar pela movimentada ciclovia da Avenida Faria Lima no pico das 18 horas. Em 2018, o número de ciclistas cresceu 13% por ali. Hoje, são mais de 7 000 viagens diárias. Destaque para as bicicletas compartilhadas, que dominam a área e ganharam a companhia das patinetes elétricas. Point de veículos de duas rodas, a região virou uma espécie de Vale do Silício das startups de mobilidade, como Bike Sampa, Ride, Scoo… A Yellow, que promete despejar 100 000 magrelas pela cidade, fez mais de 1 milhão de viagens em quatro meses de operação. O desafio da metrópole agora é estender a transformação para outras regiões que sofrem com a degradação em boa parte dos 498 quilômetros de ciclovias. A prefeitura mantém a promessa de aumentar a malha para 1 420 quilômetros até 2028, o que nos aproximaria de Nova York, com 1 820 quilômetros. “É fácil estabelecer metas de curto prazo e não cumpri-las”, rebate Daniel Guth, coordenador de projetos da associação Aliança Bike.

MAPEAMENTO

A digitalização de edificações tem muito a oferecer a São Paulo. A americana Autodesk desenvolve um sistema capaz de modelar em 3D qualquer tipo de obra. Lá fora, Washington e Los Angeles digitalizaram seu território. No caso do viaduto que ruiu na Marginal Pinheiros, em novembro, um escaneamento da passagem, que custaria cerca de 40 000 reais, poderia abreviar o tempo da reforma. A tecnologia consiste na utilização de laser e drones que recompõem a parte necessária em formato tridimensional. Essa técnica já é utilizada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Quando uma estação tem de ser reformada, em vez de os técnicos passarem um mês tirando as medidas das estruturas, o sistema mapeia tudo em dois dias. “Não precisamos interromper a operação para isso”, diz Eduar do Tavares, chefe de projetos da companhia. “No futuro, quando novas estações forem construídas, conseguiremos pular algumas etapas que consomem tempo e dinheiro.”

PELO AR

Aeroporto mais movimentado do Brasil, com mais de 42 milhões de passageiros anuais, Cumbica, em Guarulhos, pode crescer? Para a GRU Airport, concessionária que administra o espaço, a resposta é sim. Estudos embrionários mostram que uma terceira pista de pousos e decolagens poderia dobrar a capacidade do local. A concessão termina em 2032, e análises de viabilidade econômica indicarão as reais necessidades. “Nossos projetos apontam para essa possibilidade, mas antes disso precisamos saber se haverá realmente uma demanda”, explica Gustavo Figueiredo, presidente da GRU Airport. Em 2014, a inauguração do Terminal 3 aumentou em 40% a capacidade do lugar.

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PELA ÁGUA

Promessa de campanha do governador João Doria, a navegabilidade nos rios Tietê e Pinheiros estará em pauta na nova gestão do Palácio dos Bandeirantes. A ideia do tucano é criar o chamado Hidroanel Metropolitano, ligando os dois cursos de água às represas Billings e Guarapiranga, além de instituir um transporte turístico e de carga por essa malha hídrica. A iniciativa, porém, esbarra na atual situação das águas. “Da forma que está hoje, não dá para falar em navegabilidade”, afirma Marcos Penido, secretário de Energia. A pasta, que promete manter o Projeto Tietê, iniciado em 1992, quer se debruçar sobre processos pelo mundo e atrair novas tecnologias para a tão prometida (e tão não cumprida) despoluição no trecho da Grande São Paulo.

CARONAS

O Waze, dispositivo de navegação, lançou em agosto um sistema de carona paga, o Carpool. A medida é voltada para quem vai trabalhar de carro e está disposto a pegar passageiros no trajeto. Por um percurso de 15 quilômetros, o cliente paga cerca de 7 reais. No primeiro mês, os 125 000 usuários rodaram 96 000 quilômetros. O próximo passo da companhia é fazer parcerias com universidades e postos de combustíveis, que podem oferecer pontos de encontro.

ÔNIBUS

Com 9,5 milhões de passageiros por dia, que se espremem em 14 377 veículos, o sistema de transporte público municipal é um grande desafio da cidade. A prefeitura, que espera concluir a tão sonhada licitação no primeiro semestre de 2019, definiu as regras para os próximos vinte anos de operação. Detalhe: os contratos são emergenciais desde 2013. Entre as exigências, as empresas deverão possuir 25% da frota com ar-condicionado. Carros com mais de dez anos não poderão rodar. Em 2018, a gestão Covas desembolsou quase 3 bilhões de reais em subsídios. “Deveríamos discutir a capacidade dos ônibus e o desempenho do sistema, com a implantação de BRT (Bus Rapid Transit), não se eles terão wi-fi”, afirma o arquiteto e urbanista Flamínio Fishman. “Daqui a vinte anos, esse processo em estudo estará caduco.”

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CARROS AUTÔNOMOS

Os automóveis que andam sem motorista devem revolucionar o trânsito. “Vejo em quinze ou vinte anos esses carros, que são muito mais seguros, nas nossas ruas”, diz o consultor de tecnologia Thiago Ramaciotti. A Ford, por exemplo, lança no exterior seus primeiros veículos do tipo em 2021. Outra aposta é nos carros elétricos. Um corredor de carregamento entre Rio e São Paulo, na Via Dutra, opera desde o ano passado. Recentemente, a Toyota anunciou a fabricação no Brasil do primeiro modelo híbrido flex, movido também a álcool e gasolina. “Em quarenta anos, o mercado de combustíveis fósseis se reduzirá drasticamente”, prevê Ricardo Bastos, diretor de assuntos governamentais da Toyota.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 30 de janeiro de 2019, edição nº 2619. 

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