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São Paulo do futuro: as novidades para o setor imobiliário

Novas opções de moradia no centro, espaços compartilhados e o dilema entre comprar ou alugar

Por Dirceu Alves Jr., Miguel Barbieri, Saulo Yassuda, Sérgio Quintella e Tatiane de Assis
Atualizado em 24 jan 2019, 15h44 - Publicado em 24 jan 2019, 15h39
Campanha criada pela WMcCann para a Chevrolet, com colaboração da PBA Cinema e da Triptyque Architecture: projeto para a área do Minhocão, cheia de verde e espaços de lazer (PBA CINEMA/TRIPTYQUE ARCHITECTURE/Divulgação)
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COMPRA DE IMÓVEIS

Nos últimos anos, a venda de imóveis teve mais baixas do que altas. Em 2018, foram mais de 21 000 novas unidades comercializadas — há uma década, o número ficou na faixa de 36 000. Nesse cenário, as exigências em torno da aquisição passam por aceleradas transformações. Vaga na garagem é uma condição a desaparecer. “Criamos edifícios nos quais só metade das unidades tinha espaço para estacionar, depois reduzimos esse índice para 30% e percebemos que cada vez mais sobram vagas”, afirma Antonio Setin, presidente da Setin Incorporadora. “Desistimos ainda de investir em bicicletários porque a tendência é alugar as bicicletas.” Tamanho também não é mais documento. As pessoas buscam praticidade. O empresário Alexandre Lafer Frankel, da construtora Vitacon, promove a ideia de apartamentos compactos em sessenta prédios lançados desde 2009. O menor dos seus imóveis tem 10 metros quadrados e fica na Rua das Palmeiras, na região central. “O morador se força a sair de casa, conviver em áreas comuns, e isso traz benefícios para sua vida”, acredita Frankel. O negócio dá resultado: a Vitacon teve um crescimento de 57% em 2018.

ALUGUEL DE IMÓVEIS

O status de formar patrimônio tornou-se pouco significativo para as novas gerações. Cada vez mais, o lema é ser, viver e dividir experiências. “Da mesma forma que os jovens se interessam menos por carros, é possível que também percam o desejo pela casa própria, porque preferem liberdade e mobilidade”, afirma Danilo Igliori, professor doutor da FEA/USP e presidente do DataZAP, empresa de inteligência imobiliária do ZAP Imóveis. Essa dinâmica começa a ser estudada pelas construtoras. A criação de prédios exclusivos para aluguel deve ser fortalecida — há previsão de lançamento de pelo menos quatro unidades nesse formato por aqui em 2019. Nos Estados Unidos, o Airbnb firmou uma parceria com a incorporadora Niido para construir, até 2020, catorze empreendimentos focados em compartilhamento de lares. Um deles já existe em Nashville, no Tennessee.

Ambiente, imóvel Setin
Lavanderia de imóvel da Setin: mais espaços compartilhados (Divulgação/Divulgação)

ÁREAS COMPARTILHADAS

Apartamentos grandes geram trabalho e despesas sem sentido. “Se a máquina da lavanderia geral quebrar, será uma despesa do condomínio e não vai impactar o seu bolso da mesma forma que o conserto da sua”, exemplifica Antonio Setin. A empresa que ele preside é responsável por apartamentos de 18 a 49 metros quadrados no centro. Eles, no entanto, dispõem de piscina, cozinha, academia, sala de jogos, churrasqueira, bicicletário e escritório para todos. O mesmo vale para os carros comuns ao condomínio. Basta reservar o veículo e depois devolvê-lo, sem a preocupação com as despesas de quem é um proprietário. Hortas comunitárias aparecem igualmente como tendência. E, ainda nessa onda da natureza, vale dizer que os tetos verdes e jardins verticais despontam como opções de sustentabilidade e beleza.

COWORKING

O compartilhamento de espaço e recursos também será cada vez mais a tônica dos escritórios. Segundo a Ancev, associação nacional do segmento, a capital possui 300 coworkings. A empresa americana WeWork chegou a São Paulo em 2017. As facilidades oferecidas em suas instalações incluem sala de jogos, cabines para ligações privativas e espaço com manicure e massagista. Depois de se instalar nas avenidas Paulista e Faria Lima, o negócio cogita investir na revitalização das regiões da Luz, do Bom Retiro e dos Campos Elíseos. “Em Nova York e Los Angeles, verificamos o impacto econômico ao trazer novas pessoas, empresas e atividades econômicas para os bairros em que nós nos instalamos”, conta Hugo Silveira, diretor de comunidade do negócio por aqui. Com o avanço da tecnologia, que torna dispensável o deslocamento do funcionário até a sede do trabalho, o chamado home office também está em alta.

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VALORIZAÇÃO DO CENTRO

Tendência nas metrópoles internacionais, a valorização do centro é crescente em São Paulo. Em 2017, foram lançadas 5 544 unidades residenciais nesse eixo, mais de 4 000 delas com área inferior a 45 metros quadrados. A nova geração almeja usufruir o espaço público. A movimentação aos domingos na Avenida Paulista e no Elevado João Goulart, o Minhocão, é uma prova disso. Quem procura um imóvel com esse perfil — muitas vezes solteiros ou casais sem filhos — fica atento às opções do entorno porque deseja desfrutar a região como ponto de encontro. A preocupação com os deslocamentos também é minimizada pelo fácil acesso ao transporte público. Novos empreendimentos no Bom Retiro, na Vila Buarque e na Praça da Sé, inspirados em estúdios de Londres e Nova York, comprovam essa onda.

HOSPEDAGEM

No Japão, o chamado hotel-cápsula é uma realidade. Trata-se de cubículos para hospedagem rápida, perto de aeroportos e estações. Um hostel na região da Avenida Paulista investe no modelo desde o fim do ano passado, com quartos de 3 metros de profundidade e 90 centímetros de largura. No setor hoteleiro paulistano como um todo, que dispõe de 43 500 apartamentos em 400 hotéis, flats e pousadas, verifica-se uma crescente taxa de ocupação. O desafio do futuro é aproximar São Paulo cada vez mais de Nova York ou Paris, que, além de capitais de negócios, são cidades exploradas em razão da cultura e do lazer. No último réveillon, 50% dos quartos foram alugados, enquanto há duas décadas esse índice atingia 5%. O Carnaval se mostra outro novo êxito. A projeção para 2019 é chegar aos 55% de ocupação — que já foi praticamente zero no fim dos anos 80. Sucesso recente entre as opções de hospedagem, o Airbnb aposta em adaptações para fidelizar a clientela. A duração média das viagens a São Paulo é de seis dias, maior que a nacional, de 4,5 dias. Então, a venda de atividades compartilhadas no próprio site, como experiências gastronômicas e espetáculos, busca a simpatia do público.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 30 de janeiro de 2019, edição nº 2619. 

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