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Ataques de escorpião crescem e assustam interior de São Paulo

A morte mais recente neste ano foi de Yasmin Lemos de Campos, de 4 anos, enterrada nesta quarta-feira (11), em Cabrália Paulista

Por Estadão Conteúdo
12 jul 2018, 09h04
Escorpião
Em São Paulo, ataques de escorpião crescem e assustam interior (Robson Ventura/Folhapress/Veja SP)
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São Paulo registra mais de dois casos de ataques de escorpião por hora e o número vem crescendo. São 11 500 casos este ano, ante 21 700 em 2017, 18 829 em 2016 e 15 107 em 2015. Os números crescem desde 2011, quando houve 7 017 ataques. A morte mais recente neste ano foi de Yasmin Lemos de Campos, de 4 anos, enterrada nesta quarta-feira (11), em Cabrália Paulista.

Yasmin foi picada quando brincava no quintal, por volta das 11 horas de terça-feira, 10, e acabou morrendo horas depois em Bauru. A dificuldade em encontrar o soro para o veneno foi um dos problemas.

Encaminhada inicialmente para um posto de saúde, de lá a menina foi transferida para o hospital de Duartina, município a 10 quilômetros de distância. O estabelecimento, porém, também não tinha soro. Yasmin acabou levada de ambulância para Bauru, em uma viagem de 50 quilômetros.

O soro antiescorpiônico foi ministrado às 14h10 na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Bela Vista, mais de três horas depois da picada. A criança não resistiu e acabou morrendo. “Foi tudo muito demorado. Eles ligaram para Cabrália mandar uma ambulância. Isso não está certo”, disse Letícia Lemos, mãe da criança.

O prefeito de Cabrália, Zequinha Madrigal (PTB), afirma que o envio da ambulância foi rápido, mas que a cidade vizinha deveria ter providenciado o transporte. A direção do hospital de Duartina alega ter seguido um protocolo, que prevê o fornecimento da ambulância conforme a origem do paciente.

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Já a prefeitura local informa que nesse caso a regra poderia ser quebrada. Para apurar o que aconteceu foi aberto um inquérito policial.

Outras crianças já morreram em casos semelhantes neste ano. Em Sumaré um menino morreu no último sábado, seis dias após ser picado ao calçar um tênis. Nicolas Benette morava em um condomínio com infestação de escorpiões. “Assim que sentiu a picada, já saiu correndo e gritando”, conta a mãe, Renata Benette. Em abril, outro garoto, de 6 anos, foi vítima em Barra Bonita. Sem soro na cidade, foi levado para o hospital de Jaú, onde morreu.

A Secretaria de Saúde de São Paulo destacou que apenas redistribui o soro antiescorpiônico, sendo a aquisição e a distribuição de responsabilidade do Ministério da Saúde. O Estado afirma ainda que “o envio de ampolas a São Paulo continua ocorrendo de forma irregular”. A necessidade é de 650 ampolas por mês, mas em julho, por exemplo, recebeu só 126 ampolas.

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Já o ministério dá outros números e diz que em julho São Paulo recebeu 350 doses. E frisa que os Estados “são responsáveis por fazer a distribuição”, podendo remanejar “de uma cidade para outra”.

Apenas em Americana, 234 pessoas foram picadas no primeiro semestre deste ano. Segundo o veterinário José Brites Neto, na cidade a maioria dos ataques envolve a espécie Tityus serrulatus (escorpião amarelo). “O seu veneno possui efeito neurotóxico maior do que o encontrado na espécie marrom”, explica.

Para Rogério Bertani, pesquisador do Instituto Butantã, o aumento de casos está relacionado ao avanço do desmatamento e à capacidade de adaptação do animal. “O escorpião se urbanizou, se acostumou a viver ao redor do homem, principalmente nas periferias dos municípios. O escorpião amarelo, por exemplo, pode se reproduzir sem a necessidade do macho.”

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O grupo de pesquisa de Bertani documentou neste ano uma terceira espécie no Estado. “Verificamos que houve introdução de uma espécie típica do Nordeste, o Tytius stigmurus.”

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