Parque da Juventude convive com a memória do Carandiru
Local que antes abrigava uma das penitenciárias mais conhecidas de São Paulo hoje reúne um espaço de lazer e diversão
Na ampla área a céu aberto na entrada do Parque da Juventude, um homem toca violão e canta, em show informal, para uma pequena plateia de curiosos. A atmosfera bucólica da cena, em um domingo de novembro, serve de contraponto a um ambiente de má memória, a ex-sede da Casa de Detenção de São Paulo. O terreno de 240.000 metros quadrados, que chegou a abrigar mais de 8.000 presidiários de uma só vez, hoje recebe 200.000 visitantes por mês. Por ano, são quase 2,4 milhões. É um público que vai passear, praticar esportes ou… cantar. “Tinha curiosidade em conhecer o parque por causa do Carandiru”, conta Itamar Rocha, funcionário de um restaurante e morador do distrito vizinho de Mandaqui.
O estigma da penitenciária até chegou a criar rejeição em outros tempos. Atualmente, só colabora para atrair pessoas. Principalmente por causa de uma muralha de 600 metros: era de lá que os seguranças vigiavam os internos. “Muitas pessoas evitavam nos visitar pela imagem negativa do presídio. Mas esse ponto específico virou uma atração”, afirma o diretor, Paulo Pavan. O emblema do passado é o massacre de 2 de outubro de 1992, quando 111 presos morreram durante invasão policial para conter uma rebelião. A desativação teve início em 1998, e, no dia 8 de dezembro de 2002, três pavilhões foram implodidos. Em apenas sete segundos, chegou ao fim um símbolo do sistema prisional brasileiro.
Em 2003, com o complexo de lazer e cultura, um novo capítulo começou a ser escrito. O local é dividido em três setores: Parque Esportivo (oito quadras poliesportivas, duas de tênis e arena para skate), Parque Central (pistas para caminhada, ciclovia, playground e trecho de Mata Atlântica) e Parque Institucional (duas escolas técnicas e a Biblioteca de São Paulo).