Continua após publicidade

Clube de futebol de várzea fundado em 1913 é despejado em São Paulo

Santa Marina Atlético Clube sofreu ação de reintegração de posse

Por Agência Brasil
Atualizado em 14 jun 2023, 19h13 - Publicado em 14 jun 2023, 19h12

O Santa Marina Atlético Clube, agremiação de futebol de várzea que funciona desde 1913 na Zona Oeste paulistana, sofreu nesta quarta-feira (14) uma ação de reintegração de posse. A direção do clube aceitou desocupar voluntariamente a sede, no bairro da Água Branca, após uma reunião de cerca de uma hora com os oficiais de justiça.

A multinacional francesa Saint Gobain, fabricante de materiais para construção civil, disputa a área desde 2018. O imóvel, que inclui uma quadra de futebol de salão e um campo para a prática do esporte, no entanto, está sendo avaliado como possível parte do patrimônio cultural da cidade pelo Departamento do Patrimônio Histórico do município. Por isso, apesar do encerramento das atividades, a empresa deve preservar o local e os objetos que contam a história do clube.

+ Moradores, associações e ambientalistas se unem pela grota do Bixiga

Após a reunião, o dirigente da agremiação, Francisco Ingegnere, disse, emocionado, ter convicção na retomada da sede do clube. “Nós vamos reverter essa situação”, declarou, cercado de fotos e troféus que contam a história do Santa Marina.

Continua após a publicidade

Francisco trabalhou e morou na vila operária mantida pela vidraçaria Santa Marina no local. A empresa foi incorporada pela Saint Gobain em 1960. Parte da antiga fábrica foi tombada em 2009 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

Aulas para jovens

A irmã do dirigente, que também faz parte da direção do clube, Rose Ingegnere, lamentou que a decisão judicial tenha impedido a continuidade das atividades esportivas. “O que incomoda a eles ficarmos aqui, continuar com as atividades? A gente nunca pediu nada para eles [Saint Gobain]”, questionou.

O Santa Marina oferece aulas gratuitas de futebol de campo e salão para cerca de 200 jovens com idades entre 5 e 15 anos, alguns em situação de desproteção social. Entre eles, está Juan Conceição, que chegou aos 6 anos de idade ao clube e hoje, com 15 anos, está abalado com o fechamento. “Meu pai me trouxe uma vez para ver um jogo. Eu gostei, gostei do professor, e quis ficar aqui. Isso significa um sonho para mim. Nunca treinei em outro lugar, só aqui. Já ganhei muitos campeonatos. É difícil para mim”, disse.

Continua após a publicidade

Porém, a luta para manter a história e as atividades vai continuar, garante o advogado do clube, Caio Marcelo Dias, que desde 2017 tenta garantir a posse da área. “Nós perdemos uma batalha, não a guerra. Claro que a gente vai tentar manejar alguns recursos processuais para tentar voltar com as atividades”, afirmou.

Segundo ele, a decisão não permite nenhuma mudança no imóvel até a apreciação dos órgãos responsáveis pela proteção do patrimônio histórico e cultural. “Eles não podem fazer nada absolutamente na estrutura do clube, tudo tem que ser preservado, até que haja uma decisão definitiva dos órgãos municipais e estaduais.”

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de R$ 39,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.