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Em crise, Santa Casa paga 5 000 vezes a mais por remédio

Auditoria encontrou indícios de superfaturamento em vários contratos da instituição, que soma 820 milhões de reais em dívidas

Por Veja São Paulo
Atualizado em 5 dez 2016, 13h43 - Publicado em 12 dez 2014, 09h49

Com dívida de 821 milhões e imersa em crise financeira, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pode ter pago preço até 5 000 vezes superior ao de mercado por medicamentos. Segundo resultados preliminares de análise da BDO RCS Auditores Independentes, há também superfaturamento em contratos e incongruências na admissão de funcionários.

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A auditoria feita para a Secretaria Estadual da Saúde foi apresentada nesta quinta-feira (11) à direção da maior instituição filantrópica da América Latina. As maiores falhas estão na compra de materiais e remédios e nos serviços de segurança, lavanderia e limpeza.

Além do sobrepreço dos medicamentos, a auditoria verificou, por exemplo, que, no contrato de lavanderia, a Santa Casa deveria pagar 1,98 reais por quilo de roupa. A empresa terceirizada cobrava, porém, 3 reais. O gasto excedente é de 2,6 milhões reais por ano. No serviço de limpeza, os auditores apontaram que a entidade pagava pela contratação de 422 funcionários, mas apenas 360 trabalhavam.

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A  contratação de funcionários também é desproporcional. O complexo tem 21 trabalhadores por leito, quando a média de outras unidades é de cinco.

“Tem problemas em todos os contratos. Existem falhas de gestão em negociações de contratos que desfavoreceram a Santa Casa”, disse o secretário estadual da Saúde, David Uip, após apresentar a auditoria. Ele afirmou que encaminharia ontem a análise para o Ministério Público Estadual (MPE) e para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). “O que cabe a mim é encaminhar. Avaliação, julgamento, decisão e eventuais punições cabem a quem de direito.”

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O superfaturamento em contratos já havia sido relatado por um ex-funcionário em depoimento ao MPE. Ele apontou problemas no contrato da Santa Casa com a Logimed, responsável pela compra de materiais e remédios.

A empresa informou que “repudia a afirmação de prática de superfaturamento” e “reafirma que sua operação cumpriu rigorosamente o escopo contratado pela Santa Casa”. Disse também que, sobre o caso da dipirona, citado pela testemunha, há 43 tipos do remédio, cujos valores variam de 0,25 centavos a 270,80 reais. Para a Logimed, a variação de preços torna comparações indevidas.

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Recuperação

Superintendente da Santa Casa há dois meses, Irineu Massaia afirmou ontem que já tem um plano de recuperação que contempla renegociação das dívidas, corte de custos e revisão dos contratos. “Não é uma situação que vai se resolver do dia para a noite, mas acredito que seja possível pagar a dívida.” Em relação às denúncias sobre os contratos, a Santa Casa afirmou, em nota, que não foi notificada pelas autoridades, mas que “tem todo o interesse em conhecer e se compromete a apurar irregularidades”.

(Com Estadão Conteúdo)

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