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Em “sala da raiva”, dá para destruir TV a machadada por 50 reais

O Rage Room CT, Na Zona Leste da capital, promete alívio de stress por meio de quebra-quebra de garrafas e eletrodomésticos

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h04 - Publicado em 18 jun 2021, 06h00
vanderlei, equipado com itens de proteção, quebrando uma televisão com uma marreta
Vanderlei Rodrigues em ação, quebrando um televisor no Rage Room CT, que ele gere junto de seu irmão, Vitor (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Imagine um lugar onde, com a ajuda de um machado, você pode quebrar eletrodomésticos variados, como um forno de micro-ondas, para liberar o stress. Pois bem, esse cantinho do ódio — risos — já existe. Chama-se Rage Room CT, algo como a sala da raiva, em português. As duas últimas letras do nome do empreendimento funcionam como uma pista do bairro onde ele está instalado, Cidade Tiradentes, na Zona Leste. Mais especificamente no número 36 da Rua Francisco Pawlik. “Cobramos 10 reais pela entrada. Depois, o valor varia de acordo com o que o cliente quer destruir. O item mais caro é uma TV de 49 polegadas, que sai por 50 reais”, explica Vitor Rodrigues, 19 anos, que abriu o espaço em outubro passado com o irmão, Vanderlei, 42 anos.

irmãos vitor e vanderlei rodrigues posando para a foto com os instrumentos de proteção e o objeto quebrado
Vanderlei (à esquerda) com o irmão, Vitor: negócio de família (Alexandre Battibugli/Veja SP)

“Imaginamos que homens seriam a maioria da clientela. Nos enganamos. A cada dez clientes, oito são mulheres”

 

 

Com oito meses do empreendimento em funcionamento, a dupla já tem algumas histórias para contar. A primeira foi a busca do local. “Quando a gente falava como era nosso negócio, os locadores achavam estranho. Uns ofereciam imóveis superarrumadinhos. Outros tinham medo de danificar as construções. Acabamos encontrando um espaço na rua em que a gente mora, no térreo do sobrado de uma vizinha, sem muito acabamento”, detalha Vanderlei, que mantém também na mesma via, no número 16, o Cartel Moto Clube, point e bar voltado para motoqueiros da região. Outro causo da dupla de irmãos tem a ver com o público que apareceu por lá. “Imaginamos que homens seriam a maioria da clientela, por achar que se identificariam mais com esse tipo de passatempo. Nos enganamos. A cada dez clientes, oito são mulheres”, acrescenta Vanderlei.

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Uma das poderosas que se aventuraram no quebra-quebra foi a analista e desenvolvedora de sistemas Raíssa Soares Cesar, de 20 anos. “Conheci eles pelo Instagram. Morava em Guaianases, estava pertíssimo”, afirma ela, que no início da aventura ficou meio receosa. “Fiquei meio sem jeito, afinal quebrar coisas não é algo comum. Também estava sozinha, acho que é uma atividade para fazer com a galera, para compartilhar o alívio.” Depois das instruções de segurança — é obrigatório usar luvas e óculos de proteção — e da trilha sonora com músicas do AC/DC, a coragem, no entanto, veio: “Primeiro, foram umas garrafas. Depois, quebrei uma televisão, foi sensacional. Saí mais leve”.

detalhe da sala da raiva com os instrumentos disponíveis para uso junto com um pneu grande escrito
Detalhe da rage room com os instrumentos disponíveis para a destruição (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Afora o aspecto inusitado, a Rage Room CT tem outro elemento importante: a relação com a sustentabilidade. As garrafas disponibilizadas por lá são fruto de doações de bares da região. Depois de quebrados, os vasilhames também são destinados à coleta seletiva, feita pelo município. Trabalhadores autônomos da reciclagem participam, mas recolhendo plástico, metal e outras partes dos itens que foram destruídos. Outro elemento que vale incluir nessa história é que a Rage Room CT tinha uma prima na capital. Até 2018, o Break Lab Burger, em Interlagos, na Zona Sul, manteve em funcionamento sua break room (mundo afora também se fala anger ou fury room). As atividades, estimam os proprietários do lugar, devem ser retomadas após a pandemia. Esperemos.

Enquanto isso, vale ouvir a psicóloga Mariana Luz, com um contraponto necessário: “É preciso pensar o momento após essa experiência, compreender o que levou a pessoa a chegar àquele nível de stress”. Em tom propositivo, ela faz ainda uma sugestão: “Seria bacana fazer o trabalho completo e colocar de plantão nesse espaço profissionais de psicologia”.

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Publicado em VEJA São Paulo de 23 de junho de 2021, edição nº 2743

 

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