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Os colegas de cela e a rotina de Paulo Maluf na cadeia

A convivência com traficantes, a dieta de mini-pizzas e a proibição de visitas de familiares estão entre as coisas que fazem parte do dia a dia do político

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 jan 2018, 18h59 - Publicado em 11 jan 2018, 18h50
Paulo Maluf é amparado ao entrar em um automóvel
Maluf, quando foi preso, em 2018: internação em São Paulo (Tiago Queiroz / Estadão Conteúdo/Veja SP)
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Paulo Maluf tem a companhia de três presos na cela onde está detido na Papuda, em Brasília. O espaço de 30 metros quadrados possui capacidade para dez pessoas. Ou seja, em termos de espaço, o ambiente é confortável para os padrões dos presídios do Brasil. Os colegas do deputado federal do PP são o holandês Frank Andy Edgard Uden, preso por tráfico de droga que aguarda extradição; Hélio Garcia Ortiz, condenado por fraudar concursos públicos; e Maikow Luiz de Araújo, médico sentenciado por associação ao tráfico de drogas.

Com câncer na próstata, problemas cardíacos e dores nas costas, o ex-prefeito de São Paulo tem sido atendido informalmente por um profissional da saúde. “Mike”, como é chamado por Maluf, virou seu colega mais próximo. Ele o auxilia a se locomover e fazer outras atividades. Mike teve problemas com o Conselho Federal de Medicina por se apresentar como endocrinologista – especialidade pela qual não se graduou.

Maikow, colega de cela de Maluf
“Mike”, o médico preso com Maluf: detido dentro do consultório por associação ao tráfico de droga (Reprodução/Veja SP)

Desde o dia 22 de dezembro, quando foi transferido da sede da Polícia Federal na Lapa, onde ficou duas noites, para Brasília, o político tem recebido visitas de seus advogados todos os dias, entre eles Jorge Nemr e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os primeiros contatos com a equipe jurídica se deram pelo parlatório, mas como o preso notório tem problemas de audição, a administração do presídio permitiu que os encontros ocorressem sem nenhuma barreira. Mesmo assim, a bateria do aparelho auditivo precisou ser trocada nos últimos dias. Outro benefício obtido pelo detento de 86 anos diz respeito ao calçado. O uniforme prisional, por questão de segurança, exige o uso de sandália de dedo. Mas por Maluf ter problemas de locomoção, andando sempre com a ajuda de uma muleta, foi autorizado o uso de sapato fechado para evitar possíveis quedas.

Helio Ortiz 2, colega de cela de Maluf
Hélio Ortiz, condenado por fraudar concurso público:mesmo confinamento do ex-prefeito de São Paulo (Reprodução/Veja SP)
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A alimentação e a falta de banheiro são dois dos maiores problemas do preso. Ele não se habituou ao cardápio da Papuda, deixando de lado suas refeições. Maluf tem passados os dias com “mini pizza”, refrigerante, café e água. Todo preso tem direito a gastar 100 reais por semana em uma cantina da Papuda, além de outros serviços disponíveis. Maluf paga 3 reais para um detento lavar cada peça de seu uniforme. Desembolsa outros 3,50 para outro preso fazer a sua barba.

Seus advogados conseguem levar banana e mamão ao cliente. A aveia nem sempre é liberada. A mesma sorte não teve a uva, cujo acesso é impreterivelmente negado para dentro do presídio. “Vou fazer uma bola de canhão com a fruta?”, queixou-se o político. A alimentação ruim e desbalanceada e a ausência de privacidade agravaram os problemas de intestino. Maluf decidiu usar fralda geriátrica para não ter que fazer as necessidades na frente dos colegas de cela.

O político pediu para que nenhum parente fosse visitá-lo na Papuda para evitar qualquer tipo de constrangimento. Do período detido em Brasília, recebeu um bilhete e uma carta de dois netos, os filhos de Flávio Maluf. Ambas foram lidas pelos advogados, uma vez que Maluf não teve autorização de ficar com os papeis dentro do presídio. Seus advogados aguardam a decisão judicial para que, devido às questões de saúde do cliente, seja concedida a autorização para que o mesmo cumpra a pena em prisão domiciliar. Ainda não há data para a audiência.

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