Romulo Fróes está em paz com o samba
Cantor e compositor volta a flertar com o gênero em seu novo álbum
No teatro escuro, a voz rouca de Dona Inah rompe o silêncio com a interpretação a capella de “Olhos da Cara”. Ela não está presente. Trata-se apenas de uma reprodução da primeira faixa do CD “Um Labirinto em Cada Pé”, o quarto do cantor e compositor paulistano Romulo Fróes, de 40 anos. A abertura do show de lançamento do álbum, em junho, no Sesc Pompeia, será repetida no domingo (24), desta vez no Sesc Ipiranga.
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Os primeiros trabalhos de Romulo — “Calado” (2004) e “Cão” (2006) — tinham raízes fortes no samba e lhe renderam o título de um dos inovadores do gênero. Para escapar do rótulo, ele investiu em outras sonoridades no duplo “No Chão sem o Chão” (2009). “Quis mostrar que sou um compositor de música popular brasileira. Passo pelo samba, é claro, mas acho pequeno me classificar dessa maneira”, diz. No novo disco, o artista faz as pazes com as batucadas. Nina Becker aparece em várias canções, entre elas “Onde Foi que Nunca Vem”, e Arnaldo Antunes empresta sua voz inconfundível a “Rap em Latim”. Eles não comparecem no palco, mas isso não chega a comprometer o espetáculo. A banda do cantor reúne alguns dos instrumentistas mais requisitados da atualidade: Marcelo Cabral (baixo), Thiago França (saxofone), Guilherme Held (guitarra), Pedro Ito (bateria) e Rodrigo Campos (cavaquinho). “Eu não toco e sempre vou precisar de grandes músicos para o meu projeto.” Kiko Dinucci participa como convidado e dá uma canja cantando alguns de seus sambinhas. “Anti-Musa”, presente no álbum anterior de Romulo, fecha a noite e rende dez minutos de improvisação do conjunto.