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“Recordar É Viver” traz elenco que transita entre o trágico e o cômico

O diretor Eduardo Tolentino de Araújo explora ao máximo o perfil psicológico dos personagens

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 5 dez 2016, 18h17 - Publicado em 11 fev 2011, 23h47

Para os septuagenários Alberto (o ator Sergio Britto) e Ana (a atriz Suely Franco), rever slides do passado traz um sopro de vida. Em tais sessões, o casal defronta com as imagens de um tempo feliz, de quando ainda projetava o futuro. Escrito por Hélio Sussekind, o drama Recordar É Viver revela uma família soterrada por limitações. Além da iminência da morte, Alberto e Ana sentem-se frustrados ao perceber que, no mundo de hoje, também não há lugar para os filhos

Dependente do dinheiro e da atenção dos pais, o caçula, Henrique (José Roberto Jardim), mergulhou em uma depressão, enquanto a filha do meio, Paula (Ana Jansen), voltou para casa depois de um relacionamento fracassado. João (Camilo Bevilacqua), o mais velho, escapou da rede de proteção e, num misto de ciúme e lucidez, revolta-se contra a acomodação. O único olhar imparcial e capaz de sacudir a mesmice é o de Bruna (Anna Cecília Junqueira), a namorada de Henrique.

Em um texto linear — de muitos diálogos e poucos acontecimentos —, os conflitos de cada um centralizam o interesse. Com um elenco acertado, o diretor Eduardo Tolentino de Araújo explora ao máximo o perfil psicológico dos personagens. Transitando de forma sutil entre o trágico e o cômico, Britto e especialmente Suely levam a plateia a rir de situações nas quais diversos atores, percorrendo caminhos óbvios, optariam por fazer chorar.

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