Rua da PUC tem cenário de caos após festa irregular
Evento que atravessou a madrugada desta sexta terminou com lixo espalhado e forte cheiro de urina. Moradores reclamam de consumo de drogas e barulho excessivo
Uma festa realizada na noite de quinta (4) em frente à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em Perdizes, deixou um rastro de caos na região. A Rua Ministro Godói amanheceu tomada por lixo e com forte cheiro de urina. Durante o evento, que se estendeu por toda a madrugada e irritou os vizinhos da universidade, ocorreram furtos de celulares e consumo de drogas, segundo participantes. Alguns moradores da região também relataram ter ouvido disparos de arma de fogo.
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O local onde ocorreu o encontro de jovens receberia na noite de quinta um evento organizado por estudantes da instituição. O bloco de Carnaval A PUC que te Pariu estava marcado para as 18h. A página do evento no Facebook tinha mais de 23 000 pessoas confirmadas e outras 30 000 haviam manifestado interesse em comparecer.
Em postagem nas redes sociais no começo da tarde de quinta, uma das organizadoras do bloco informou que o evento teria de ser cancelado porque o bloco não havia sido inscrito na programação oficial do Carnaval de rua da cidade. Segundo ela, tratava-se de um “erro arbitrário da prefeitura de São Paulo” e os responsáveis só haviam sido avisados na véspera. A prefeitura confirmou à reportagem que o bloco não tinha autorização.
Apesar do comunicado, turmas de jovens se juntaram em frente à universidade. Sem estrutura, a rua foi usada como banheiro. “O cheiro de urina ficou insuportável”, reclamou uma moradora, que pediu para ter seu nome preservado. De acordo com ela, a via se transformou em ponto de venda de drogas.
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Uma outra moradora da região, que também pediu anonimato, saiu de sua casa às 4h30 desta sexta (5) e ficou assutada com estado das vias. “Havia muito lixo espalhado pelo chão e até sofás no meio da rua”, contou. Há 13 anos no bairro, ela acredita que a situação ficou pior desde o ano passado. “Tem bagunça de quarta a sexta, toda semana, sem controle algum.”
Música alta e ambulantes
Embalada por músicas que variavam de Wesley Safadão a trance, garantidas por carros estacionados ao longo da via, a festa reuniu centenas de jovens no trecho entre as ruas João Ramalho e Bartira. Vendedores ambulantes vendiam cerveja em lata entre outras bebidas alcóolicas.
Pelo menos trinta jovens tiveram o smartphone roubado durante a festa e usaram o Facebook para alertar os colegas. “Mal cheguei e já pegaram meu celular no meio da muvuca, sem eu perceber”, diz um dos relatos. Em outra publicação, uma garota alegou terem colocado drogas no copo em que estava bebia. “Passei muito mal… de um jeito que achei que fosse morrer”, lamentou.
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Um aluno do curso de economia da PUC contou à reportagem que grande parte dos jovens não estudava na universidade. “Havia muita gente de fora, o clima estava mais pesado”, disse.
Os membros do centro acadêmico Leão XIII, à frente do bloco carnavalesco, escreveram que irão solicitar a autorização da festa, pré-agendada para 18 de fevereiro.
A universidade declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não teve qualquer envolvimento. De acordo com o artigo 42 do Decreto-Lei Nº 3.688/41, perturbar o trabalho ou o sossego alheios é crime. A pena para quem abusa de instrumentos sonoros ou sinais acústicos pode levar a prisão.