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Predinho amarelo de 1941 é repaginado nos Jardins

Obras são uma iniciativa dos proprietários e inquilinos para revitalizar o local

Por Rosana Zakabi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 16h00 - Publicado em 20 jul 2018, 06h00
A construção hoje (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Localizado na esquina das alamedas Lorena e Casa Branca, nos Jardins, um predinho amarelo, de três pavimentos, destoa dos edifícios de quinze andares ou mais das imediações. Trata-se de um dos imóveis mais antigos da região. Com 1 300 metros quadrados de área construída, data de 1941 e dispõe de treze apartamentos de 45 e 50 metros quadrados, dos quais sete estão ocupados. Há ainda um sobrado no pátio interno que abriga um escritório de arquitetura e cinco pontos comerciais no lado externo.

Pouco mais de um mês atrás, a calçada no entorno do imóvel recebeu novo revestimento, com material drenante — que absorve melhor a água, evitando enchentes —, jardins e piso para deficientes visuais. Até o fim do ano, o assoalho externo deverá ganhar banquinhos e a fachada será reformada, mantendo as características originais, inclusive a cor amarela.

As obras são uma iniciativa dos proprietários e inquilinos, que decidiram se unir para revitalizar o local. “O prédio não é tombado, mas tem um valor histórico e arquitetônico muito grande”, afirma o arquiteto urbanista Silvio do Nascimento, que encabeça a ação. Ele é um dos sócios do Studio + Arquitetura e Urbanismo, que aluga o sobrado do pátio interno há sete anos.

A decisão de fazer esse investimento ocorreu em 2013, depois que uma incorporadora tentou comprar todos os apartamentos para, então, derrubar o predinho e levantar um novo edifício em seu lugar. Como não houve consenso — a maioria dos proprietários não topou efetuar a venda —, a companhia desistiu do negócio, e Nascimento viu, ali, uma oportunidade de reestruturar o local. “O prédio estava sem manutenção havia décadas. Tinha até fiação de pano passando pelas tubulações”, relembra.

predinho amarelo
O prédio como ficará após o término da reforma (Studio + arquitetura e urbanismo/Veja SP)
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Eleito síndico, o arquiteto começou a fazer uma série de reuniões para motivar os donos a investir em melhorias no prédio. O mais difícil, segundo ele, foi convencê-los de que o pátio interno, até então utilizado pelos moradores como garagem, deveria ser desocupado para se transformar em uma espécie de praça. “A convenção não previa que o espaço fosse estacionamento, mas, ao longo dos anos, acabou sendo usado com esse fim”, explica Nascimento. “Tivemos de provar que o pátio revitalizado valorizaria muito mais o imóvel e aumentaria a qualidade de vida dos moradores.” Foram meses de discussões, brigas e saídas de inquilinos, até que, no fim de 2017, se chegou a um acordo para a evacuação do pátio e o início das obras, tocadas a partir de janeiro deste ano pelo escritório do urbanista em parceria com uma construtora.

Com o montante arrecadado — 200 000 reais —, foi possível refazer a parte elétrica, hidráulica e estrutural (pilares, vigas e fundações), além do calçamento externo e do pátio. Árvores frutíferas, como pitangueiras, foram plantadas nos jardins internos e a área recebeu iluminação com luzes de LED. Uma lavanderia comunitária que já existia ali foi reativada e ganhou portão e pontos para a instalação de máquinas de lavar. O projeto prevê ainda a implantação de um pergolado metálico, no qual os moradores poderão pendurar redes, e um espaço para colocar placas solares coletoras de energia.

SILVIO NASCIMENTO
O arquiteto urbanista Silvio do Nascimento: à frente do projeto (Alexandre Battibugli/Veja SP)

O custo total da reforma será de 500 000 reais. Para chegar a esse valor, foi criado um fundo de obras, abastecido mensalmente pelos donos dos apartamentos e dos pontos comerciais do lado de fora, dos quais três estão ocupados (por um chaveiro, um delivery de uma hamburgueria e um antiquário) e dois, vazios. Depois que a reestruturação começou a tomar corpo, até os proprietários que olhavam a medida com desconfiança passaram a apoiar a iniciativa. “As pessoas não eram engajadas, e foi difícil reuni-las”, explica o artista plástico Carlos Lopes, dono de um dos apartamentos e síndico do local há um ano. “Hoje, todos reconhecem que essa é a melhor maneira de cuidar do que é nosso”, conclui. “Os apartamentos são bons, mas a área comum estava completamente deteriorada”, diz o artista plástico Luis Carlos Rossi, que aluga uma das unidades. “Agora dá gosto morar aqui.”

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