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Rotina em posto de gasolina: dia sim, dia não, um assalto

Estabelecimento no Capão Redondo, na Zona Sul, foi roubado sessenta vezes em 2011

Por Daniel Bergamasco [com reportagem de Flora Monteiro, Ricky Hiraoka, Nathália Zaccaro e Pedro Henrique Araújo]
Atualizado em 5 dez 2016, 17h22 - Publicado em 24 fev 2012, 23h50

“Só ontem, os assaltantes vieram duas vezes, acredita?”, diz o gerente Carlos Souza, com um estranho sorriso no rosto, que não é de resignação, muito menos de quem achou graça. “É uma reação fruto de angústia, de quem sabe que vem trabalhar, mas não sabe se volta”, explica. No posto de combustível Maria Vitoria, administrado por ele no Capão Redondo, Zona Sul da cidade, aconteceram sessenta roubos em 2011.

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Neste ano, a frequência média de janeiro foi quase de um a cada dois dias. As ações começam sempre da mesma maneira: ao menos dois homens de moto, com ou sem capacete, chegam armados com pistolas pedindo o dinheiro do caixa e mercadorias, como sorvete, cerveja e energético — só em cigarros, chegaram a surrupiar mais de 1.000 reais de uma vez. Já o desfecho varia: vez ou outra, levam pertences de clientes, como pares de tênis, e agridem funcionários. “Outro dia, um tomou uma coronhada, ficou um galo enorme na cabeça”, conta uma balconista, que passa a tarde de sobreaviso. “Cada vez que ouço o motor de uma moto, meu coração dispara.”

O mais impressionante é como o negócio se organizou para não fechar as portas, absorvendo vários dos custos gerados pela criminalidade. Para diminuir a rotatividade da mão de obra (no ano passado, dez empregados pediram a conta, assustados com a insegurança), a gerência paga um bônus de 15% sobre o salário e oferece uma folga extra por mês. Os estoques são repostos durante o dia todo, aos poucos, de modo a evitar grandes prejuízos. O caixa tem o mínimo de troco, já que quase todo o dinheiro vai para um cofre do tipo boca de lobo. Os funcionários se revezam até nas horas de folga para registrar boletim de ocorrência e assim permitir que a empresa receba a indenização do seguro. “Conseguimos sobreviver até agora, mas a situação é quase insustentável”, afirma Souza.

 

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