Pôquer: stylist participa de torneio semanal ao lado de marmanjos
Patricia Kuratti bate cartão no clube de um condomínio do Morumbi, às 21 horas das terças-feiras
Com bolsa Burberry em uma mão e aparelho de celular BlackBerry na outra, a stylist Patricia Kuratti chega ao compromisso semanal que mantém há dois anos. Trata-se do encontro com a turma de carteado, às 21 horas das terças-feiras. Ao lado de um grupo de marmanjos, entre eles seu marido, o consultor financeiro Alexandre Abdo, ela bate cartão no clube de um condomínio do Morumbi. “Tenho personalidade competitiva”, diz. “Adoro a adrenalina de ver quem ganha ou perde.”
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No salão, há três mesas redondas revestidas de tecido verde, onde fazem as apostas advogados, economistas e produtores culturais, entre outros. A dinâmica deles de money game é bem informal: o cacife varia de pessoa para pessoa (de 30 a 200 reais), permite-se beber entre uma cartada e outra e uns deixam a mesa — com o jogo em andamento! — para fumar na varanda.
“Sou a única a passar a noite à base de Coca-Cola”, conta. A abstinência tem como objetivo não cair no sono. Há duas semanas, Patricia perdeu 100 reais e seu marido, 200. “Mas já saí daqui com 150 reais no bolso”, lembra.
A turma elege sempre um de seus pares, devidamente apelidado de maleiro, para tomar conta das fichas e do dinheiro das apostas. “Esse é nosso tesouro”, brinca o encarregado, Marcello Lunardelli. Empresário do ramo de gastronomia, ele quer dar uma cartada final em sua carreira para se dedicar profissionalmente ao pôquer. “Já ganhei 20 000 dólares em torneios pela internet.” Às 2 horas da manhã, o salão começa a se esvaziar. Com a certeza de que vai receber toda a galera na semana seguinte.