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Pesquisas para mudar o Brasil

Sistema desenvolvido por paulistano pode alterar a maneira como as políticas públicas são aplicadas

Por Da Redação
Atualizado em 17 Maio 2024, 10h06 - Publicado em 12 dez 2014, 18h40

Guilherme Lichand. Guarde este nome. Sem dúvida é uma das mentes que pode mudar o futuro do Brasil. Como? De uma maneira simples. Tudo passa por um modelo de fazer pesquisas que permite, de maneira eficaz, desenvolver as políticas públicas País afora.

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Listado como um dos top 10 jovens inovadores brasileiros e chamado de inovador social pelo MIT Technology Review, Guilherme Lichand é economista pela Fundação Getúlio Vargas e doutorando em Harvard em Economia Política e Governo. O primeiro trabalho dele foi como consultor no escritório nacional do Banco Mundial, em Brasília.

O problema é que o Guilherme queria colocar mais a mão na massa: “Queria contribuir mais positivamente. Trabalhei no projeto por um ano e meio, no qual aprendi muito sobre problemas e pouco sobre respostas. O Banco Mundial tem papel importante, mas não deixa de ser um banco. Eu queria estar do outro lado.”

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Baseado nesta insatisfação e na experiência adquirida dentro do Banco Mundial, Guilherme resolveu trilhar outro rumo e foi fazer doutorado em Harvard. O objetivo era se aprofundar na avaliação de políticas públicas.

Justamente durante o doutorado fora do Brasil, Guilherme se deparou com uma situação: por que existem poucas pesquisas pelo Brasil? A primeira resposta foi a deficiente infraestrutura de pesquisa do País. Com isso em mente, Guilherme teve uma ideia: “Pensei se não poderíamos usar o celular para fazer pesquisas. Assim conseguiríamos otimizar as informações que se tem da população. Cerca de 90% dos domicílios no País têm o aparelho. Por que não permitir que as pessoas avaliem os serviços públicos existentes?!”

Mas não era só fazer pesquisas. O outro desafio enfrentado por Guilherme foi o volume de celulares pré-pagos no Brasil. “O celular parecia que era a resposta porque está lá para todo mundo. Só que no Brasil, 80% dos celulares são pré-pagos. O diagnóstico aponta que os celulares com internet chegam a pouquíssimas pessoas. E, para democratizar políticas públicas, tem que chegar a todo mundo. Tem que trabalhar no analógico, mensagens de texto  e voz.”

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Com todas estas ideias e questionamentos, surgiu a consultoria em  gestões públicas e de ações de impacto social MGov Brasil, que oferece soluções baseadas em telefones celulares populares (analógicos).

A implementação do projeto começou no primeiro ano do doutorado. Foi lá que ele e outros dois sócios criaram a empresa de gestão de políticas públicas. “Desenvolvemos uma tecnologia própria e, como incentivo aos entrevistados, começamos a dar recarga para os celulares”, conta Guilherme. Em geral, as pessoas se cadastram na pesquisa – que é feita por mensagem de texto ou por voz – e passam a respondê-la. Se for até o final da pesquisa, recebe prêmios, como os créditos para celular.

Um projeto que mostrou o quanto a iniciativa era realmente válida foi no interior do Rio Grande do Norte: “O programa de leito do governo estadual funcionava muito mal, em um pequeno grupo de municípios. Em outro funcionava muito bem. Graças à pesquisa, entenderam as diferenças e universalizaram o atendimento bom para todos”.

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Além de ter ampla amostragem de dados com o uso de celulares analógicos na realização de pesquisas, outro fator é importante: o custo. Enquanto as sondagens presenciais podem ter um custo de R$ 30 a R$ 200 por entrevistado, dependendo da região do País, os levantamentos via celular podem custar entre R$ 5 e R$ 20.

Para o futuro, Guilherme Lichand e a MGov Brasil estão concentrados na evolução da plataforma para que ela tenha mais funcionalidades: “Queremos implementar mais o sistema. Por exemplo, por que não colocar um reconhecimento por voz nos celulares analógicos como já são vistos hoje nos smartphones ou em sites de busca na internet? Mais do que isso, a M-Gov pode ser uma plataforma de engajamento dos pais, por exemplo, no desempenho escolar dos filhos. Na saúde é possível melhorar o posto de saúde. É uma ideia simples, trabalhada com ética, responsabilidade social e políticas públicas em parceria com o governo”, finaliza.

Nome: Guilherme Lichand

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Profissão: Economista

Atitude transformadora: Desenvolveu uma consultoria de políticas públicas, que oferece soluções baseadas em telefones celulares populares (analógicos)

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