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Danilo Gentili, de desconhecido a personalidade com talk-show próprio

Revelado no CQC, humorista de Santo André prepara a estreia de seu programa-solo no fim de noite da Band

Por Isabella Villalba
Atualizado em 5 dez 2016, 18h07 - Publicado em 30 abr 2011, 00h50

“É como se a Rua Sevilha, em Santo André, onde cresci e onde toda a vizinhança me conhece, tivesse deixado de ser uma viela e passado a ser uma avenida que me acompanha aonde vou”, compara o comediante Danilo Gentili, em uma reflexão sobre a popularidade que conquistou nos últimos três anos, desde que surgiu como revelação do humorístico CQC, na TV Bandeirantes. Na época, então um rosto desconhecido, ele constrangia entrevistados com “pegadinhas” nas quais encarnava um repórter inexperiente e atrapalhado. Em seguida, fez ainda mais fama com quadros em que fuzilava parlamentares ao questioná-los sobre sua biografia e os deveres de suas atividades. Agora, aos 31 anos, ele se prepara para ganhar um programa só seu, que conciliará com o antigo trabalho. A nova atração é o talk-show Agora É Tarde, que tem estreia prevista para maio e deverá entrar no ar às quartas e quintas-feiras na faixa da meia-noite. “Quero mostrar bobagens ótimas para o espectador relaxar depois de um dia cheio. Sentia falta de uma produção brasileira que comentasse as notícias quentes com humor opinativo”, diz, citando a inspiração no bem-sucedido “Late Night”, da emissora americana NBC.

Gentili será o segundo integrante do CQC a ganhar uma atração-solo na programação da Band (o primeiro, Marco Luque, não teve grande êxito à frente de “O Formigueiro”, que foi tirado do ar). A distinção pôs mais fogo na guerra de vaidades entre os integrantes do humorístico. Questionado sobre a ciumeira dos outros em relação à sua mais recente conquista, Gentili dá seu recado. “Tem colega muito próximo que foi à Band, à Cuatro Cabezas (produtora do “CQC” e do “Agora É Tarde”), até viajou para encontrar produtor nos Estados Unidos para tentar um jeito de conseguir um programa no mesmo horário e formato que o meu”, queixa-se.

Marcelo Tas, âncora do humorístico que revelou Gentili, diz que desconhece essa disputa entre os membros da trupe, mas avalia que está cedo demais para o voo-solo. “Perguntei ao Danilo se era preciso que isso acontecesse neste ano. Fiz o papel do advogado do diabo mesmo. Todos os integrantes têm um tempo muito curto na TV, e é importante consolidar a carreira. Não é preciso ter tanta pressa”, enfatiza ele, prevendo uma atenção menor do pupilo ao humorístico. “O programa novo vai sugar uma energia importante. Agora ele terá de matar dois leões por semana. Vai ficar mais difícil, apesar de ele ser ótimo, de ter um humor com precisão assustadora.”

As lições de humildade do professor Tas podem estar fazendo efeito. Com certa pecha de arrogante entre seus detratores por trás das câmeras, e por vezes também no vídeo (apesar de, pessoalmente, essa impressão ser logo desfeita), Gentili diz que os convidados do “Agora É Tarde” não precisarão ter medo de seu sofá. “Antes de fazer piada com qualquer um, é bom saberem que nesse programa eu serei piada para todo mundo também”, afirma o futuro entrevistador. “Não sou o sabichão que sabe de tudo e não estou ali para usar meus convidados de escada.”

A atração também conta com um elenco ambicioso de coadjuvantes. O Ultraje a Rigor será a banda do programa e o humorista Marcelo Mansfield, veterano dos palcos paulistanos, atuará como “uma espécie de Lombardi”. É mais um passo largo na carreira do garoto talentoso da região do ABC que começou a se apresentar nos palcos de comédia stand-up, em meados de 2005, após experiências com peças amadoras em festivais e igrejas. Era um garoto tímido na época, ainda muito marcado pela morte do pai, em 1998, por infarto, e da irmã mais velha, uma semana depois, em um acidente de carro. Para a mãe, Guiomar, ver o filho como um astro do humor é uma vitória. “A vida fez ele chorar muito, mas ele faz as pessoas rirem”, diz ela, que costuma irritar o filho ao se referir a ele por seu nome completo. “O Danilo odeia ser chamado de Júnior ou Juninho”, conta, a respeito do rapagão de 1,92 metro, que nunca passa despercebido.

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