Paulistana vive de rodar pelo Brasil e pelo mundo com seu marido
Primeira aventura do casal Grace Downey e Robert Ager foi passar por cinquenta países em três anos e meio
A vida da paulistana Grace Downey mudou no dia em que comprou um mapa-múndi, abriu-o sobre uma mesa e marcou as cidades que gostaria de conhecer. Após rabiscar por todo o planeta, decidiu que era hora de planejar uma viagem ao redor do mundo. Dali a seis meses, em janeiro de 2002, ela e o namorado, o inglês Robert Ager, compraram um jipe 4×4 e partiram numa expedição que durou três anos e meio e passou por cinquenta países. No mês passado, voltaram a São Paulo depois de outra aventura: um ano dirigindo por todos os estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Eles se conheceram em 1995, quando ambos eram professores do St. Paul’s School, um dos colégios de elite da capital. Antes de lecionarem, Robert foi mochileiro e Grace, escoteira. Não demoraram a descobrir que tinham muito em comum.
Para bancar a primeira viagem, o casal guardou dinheiro e vendeu tudo o que tinha. “Nosso orçamento previa 40 dólares diários, mas acabamos gastando 75”, conta Grace. “Não somos ricos. Só demos prioridade a esse projeto.” Após cruzarem a América, foram para a Europa e fizeram uma parada de sete meses em Londres para arrecadar mais dinheiro. Ali eles se casaram numa cerimônia discreta, com poucos amigos. “Nosso casamento foi pequeno, mas a lua de mel durou mais de dois anos”, brinca Robert. Em seguida, exploraram a África, a Ásia e a Oceania. Uma das preocupações ao longo da jornada foi evitar temperaturas extremas. “Fomos para o Alasca no verão e mesmo assim quase morremos de frio.” Outra era passar longe de nações em guerra ou conflitos, o que os fez desistir de visitar Angola e Sudão, por exemplo.
O retorno foi difícil, pois o casal havia gasto tudo o que tinha e contraído dívidas. Ambos decidiram então organizar exposições fotográficas, dar palestras, escrever o livro “Challenging Your Dreams” e fazer um site com o mesmo nome. Até que surgiu a ideia de uma nova viagem, dessa vez pelo Brasil. “Não me conformava em conhecer tão pouco meu próprio país”, diz Grace. Em dezembro de 2009, os dois saíram de São Paulo em outro jipe 4×4. Cerca de 45000 quilômetros depois, contam que a excursão foi mais segura que o previsto. “Ficamos surpreendidos com a gentileza das pessoas”, afirma Robert. Alguns dos momentos mais emocionantes aconteceram na Amazônia, em situações em que o professor teve de consertar pontes para que o veículo pudesse atravessar riachos. “Minha sogra vive me perguntando quando vou ter uma vida normal. Digo que viajar é muito normal.”