Responsáveis por ONG de proteção ao animais são presas por estelionato
Polícia Civil descobriu o caso após trio comunicar na internet um assalto que não teria ocorrido em nova sede da entidade, em Alagoas
A Polícia Civil de Alagoas prendeu em flagrante, nesta sexta (5), três responsáveis pela ONG Pata Solidária por estelionato, falsa comunicação de crime, organização criminosa e diversos delitos ambientais, incluindo maus-tratos. A entidade era seguida por 1,5 milhão de pessoas no Instagram.
O trio passou a levantar suspeitas da polícia após a comunicação de um roubo que teria ocorrido na sede da organização na quarta (3). Na postagem, elas afirmavam que teriam invadido um abrigo novo e levado tudo. “Até materiais de construção, roubaram até meu celular que estava na mão para tirar fotos para vocês. Estamos em pânico”, dizia a mensagem. Elas completavam afirmando que não tinham de onde tirar recursos para manter os animais e pediam que os seguidores ajudassem. Ao fim, listavam cinco contas correntes e mais vaquinhas on-line para que as doações fossem feitas.
Então, diversos seguidores passaram a marcar os delegados Bruno Lima, também deputado estadual de São Paulo, e Leonam Pinheiro, de Alagoas. “Eu me dispus a ajudar, mas a entidade não me procurou”, diz Lima. Ele garante que as mulheres utilizariam o dinheiro arrecadado em benefício próprio.
Após o registro de um boletim de ocorrência, descobriu-se que o assalto, na verdade, não ocorreu, segundo a polícia. “Elas chegaram a relatar que um crime muito semelhante a esse teria ocorrido em 2017, estavam tentando contar a mesma história novamente”, comenta Pinheiro. “O local onde elas disseram que teria ocorrido o crime não tinha qualquer estrutura para os animais.”
O delegado de Alagoas, no entanto, garante que a ONG existe e que as moças, de fato, ajudam animais, “mas a sede tem tamanho bem menor que divulgado”. Uma das jovens relatou que o dinheiro doado para ajudar a ressarcir o falso roubo não foi movimentado. Em depoimento, houve a confirmação de que o assalto não ocorreu e que uma delas chegou a se machucar propositalmente para dar mais veracidade ao relato.
As responsáveis criaram uma outra vaquinha no começo do mês passado que atingiu a monta de cerca de 77 200 reais, de acordo com o site de arrecadação.
Nas redes sociais, voluntários e outros colaboradores da Pata Voluntária garantiram que há sim uma instituição que preza pelo cuidado dos animais, mas afirmam esperar mais “esclarecimentos”. Sobre os bichos que estão na sede original e os animais silvestres encontrados na casa de uma das suspeitas, o delegado explica que existe um trabalho para que sejam amparados pelo Ibama e por veterinários responsáveis.
De acordo com autoridades policiais, o sigilo bancário será quebrado e as contas da organização, bloqueadas. A história foi recontada no Instagram da instituição. Os delegados garantem que as postagens foram autorizadas pelas acusadas.
https://www.instagram.com/p/Bzixo3LHZ-e/